A operação da Polícia Civil que prendeu oito pessoas na manhã desta quinta-feira (4) tinha como alvo um grupo suspeito de envolvimento em um crime violento cometido em Tapes, no sul do Estado, no ano passado. A investigação começou em dezembro, quando a esposa de um gerente de banco foi sequestrada e levada da cidade até Novo Hamburgo, no Vale do Sinos.
Segundo a polícia, a família estava em casa, no início da noite do dia 5 de dezembro de 2018, quando o crime ocorreu. Os bandidos invadiram a residência e mantiveram o bancário, a mulher e os filhos reféns. As ameaças seguiram durante toda a madrugada.
Depois, parte do grupo saiu da residência com a mulher e o restante ficou monitorando o marido. A ação criminosa durou 15 horas e a vítima só foi libertada após o dinheiro ser repassado aos criminosos.
A investigação foi repassada para a unidade especializada em casos envolvendo sequestros e roubos no Rio Grande do Sul: a Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), baseada em Porto Alegre. Os agentes monitoraram a quadrilha nos últimos sete meses e descobriram outros roubos atribuídos ao grupo.
A polícia afirma que, entre dezembro e julho deste ano, a quadrilha teria cometido três roubos a farmácias na Capital, um assalto em uma sorveteria no bairro Cidade Baixa e o furto de um banco Itaú na Avenida Assis Brasil — quando três homens foram presos.
Em uma ocasião, a polícia afirma que esteve próximo de prender os criminosos: em Esteio, a delegacia se antecipou a um assalto a lotérica. Para fugir, a quadrilha trocou tiros por várias vias da cidade, inclusive próximo a escolas. Por isso, também é investigada por tentativa de homicídio contra policiais.
De acordo com o delegado João Paulo Abreu, o inquérito policial tem como provas a quebra do sigilo telefônico, telemático (de endereços de computadores e aparelhos telefônicos) e bancário dos suspeitos. Além disso, testemunhas ainda foram ouvidas pelos investigadores. Com a ação, a polícia diz ter certeza de que todo o grupo foi desmantelado.
— Creio que o trabalho desenvolvido certamente irá propiciar a justa condenação pelos crimes que praticaram — afirma o delegado.
Um homem de 42 anos foi identificado como líder da organização e está entre os presos da ofensiva. Segundo a polícia, ele possui antecedentes por outros roubos e furtos.
Além das ordens de prisão, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em sete cidades - Porto Alegre, Alvorada, Novo Hamburgo, Esteio, Canoas, Gravataí e Tramandaí. Quatro veículos atribuídos aos suspeitos de integrarem a quadrilha foram apreendidos — entre eles, uma caminhonete Kia Sportage, que a polícia suspeita ter sido comprada com dinheiro dos crimes.
O delegado afirma que todos os inquéritos policiais serão encaminhados para a Justiça nos próximos dias. O desafio, agora, é recuperar o dinheiro levado no sequestro e nos outros crimes. O montante não é revelado. Abreu diz que tentará seguir os rastros deixados pelos criminosos.