Pelo menos cinco pessoas foram alvo de um golpe que seria aplicado por um preso. O homem, que está detido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), teria criado um perfil falso nas redes sociais e se passava por um delegado que atuava em Santiago, na Região Central.
O homem fingia, pelo Facebook, ser o delegado Charles Dias do Nascimento. Ele criou um perfil falso com o nome e as fotos de policial e adicionava pessoas que estavam vendendo produtos pela internet. O preso fazia contato para comprar as mercadorias e uma terceira pessoa retirava o produto. No entanto, o vendedor nunca recebia o pagamento.
O homem teria feito vítimas no Rio Grande do Sul e em cidades de Santa Catarina, mas a polícia ainda não sabe quantas pessoas realmente entregaram os produtos.
Duas vítimas perceberam que se tratava de um golpe quando encontraram o perfil verdadeiro do delegado e estranharam haver dois da mesma pessoa. Uma delas ia vender um quarto de criança e a outra, nove ovelhas. O homem chegou a mandar um caminhão até o sítio para carregar os animais. Mas como o pagamento não chegou na conta, o vendedor desconfiou e procurou as autoridades.
— No final do ano passado eu fui alertado por um perfil falso em meu nome. Vi que era fake, e, a partir de então, instaurei um inquérito policial — relata o delegado Charles Dias do Nascimento.
A apuração da Polícia Civil descobriu ainda que o homem praticava outros tipos de fraudes. O golpe dos nudes, por exemplo, que foi tema de matéria de GaúchaZH na última semana, seria aplicado por ele. Neste caso, um homem que se diz pai de uma suposta jovem com quem a vítima teria trocado fotos nuas pede dinheiro para não denunciar a pessoa por pornografia infantil, já que a garota seria menor de idade.
O investigado está preso por tráfico de drogas e dois homicídios. Agora, vai responder por estelionato, extorsão e falsidade ideológica.
— O correto é, primeiro, confirmar todos os dados de quem te adiciona em uma rede social. Não efetuar qualquer pagamento ou depósito antes de confirmar tudo, inclusive ligando para a pessoa — orienta o delegado.
Na cela do suspeito, na Pasc, os agentes penitenciários encontraram 12 celulares, além de anotações de números de telefones.
— Tenho quase 20 anos como delegado de polícia e nunca tinha visto uma audácia tão grande — finaliza.