Dois policiais militares e um criminoso morreram na noite desta quarta-feira (26) em um tiroteio na zona leste de Porto Alegre. Segundo o tenente-coronel Rodrigo Mohr Picon, quatro policiais entraram em um beco da Rua Paulino Azurenha, no bairro Partenon, para uma abordagem de rotina, e foram recebidos a tiros por dois homens que estavam em cima do telhado de uma casa. Eles revidaram o ataque.
— O local é de tráfico de drogas. Normalmente, a unidade faz as operações de policiamento ali — explicou Picon.
Os PMs — identificados como Rodrigo da Silva Seixas, 32 anos, e Marcelo de Fraga Feijó, 30 anos —, foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde o clima era de comoção, com presença de pelo menos 15 policiais fardados na casa de saúde.
Os policiais não resistiram e morreram durante o atendimento médico. Eles faziam parte do 19º Batalhão de Polícia Militar (BPM).
A Brigada fez cerco na região do crime até as 5h desta quinta-feira. A ação foi feita pelo Batalhão de Choque, que parou e revistou motoristas que trafegavam pela via. Pelo menos cinco viaturas barravam os acessos. Policiais entraram em becos e realizaram varreduras. Por volta das 2h, um helicóptero sobrevoou a região com ampla iluminação sobre as casas.
Durante a ação, um homem foi preso em uma abordagem dentro do beco. Ele foi flagrado por volta das 3h50min e levado para o Palácio da Polícia. Ele estava com uma pistola e uma calibre 12.
Abordagens diárias
De acordo com o comandante da Brigada Militar (BM), Mário Ikeda, a corporação realiza diariamente abordagens no local, que é um conhecido ponto de tráfico de drogas, "com prisões e apreensões".
— A troca de tiros é normal desta abordagem. Algumas vezes, eles (criminosos) procuram simplesmente fugir. E, em outras, ocorre a troca de tiros. Mas com esse resultado, de morte, não me recordo. Não lembro de um caso com policial que tenha falecido ali — disse.
Ikeda reforçou ainda que a BM trabalha para esclarecer as circunstâncias que levaram ao tiroteio e a morte dos policiais.
Ainda na terça-feira (25), a polícia apreendeu três quilos de cocaína na região.
Homenagens
O governador Eduardo Leite lamentou a morte dos brigadianos. "Foram ao extremo na missão de proteger a sociedade com o emprego da própria vida. Meu abraço e solidariedade a suas famílias, seus amigos e a toda a família brigadiana", escreveu em sua conta no Twitter.
Também no Twitter, o prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan lamentou o caso: "Uma tragédia! Meu sentimento de pesar e respeito aos familiares, amigos e colegas da BM"
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o secretário de Segurança e vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior, também prestou condolências às famílias.
— Pelas informações que temos são dois jovens. Nossa solidadriedade à família brigadiana como todo — disse o secretário. — É um momento que toca toda a sociedade. São policias que nos representam, fazendo seu trabalho, sua missão. Infelizmente, isso acontece — complementou, lembrando que apesar desse triste fato o RS tem reduzido todos os indicadores de criminalidade.
Em frente ao HPS, policiais militares se reúnem para prestar homenagem aos colegas.
O coronel da BM Paulo Roberto Mendes Rodrigues, ex-comandante-geral, presidente do Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do Sul, também prestou solidariedade às mortes dos soldados:
— Com muita tristeza e indignação a população assistiu o assassinato de brigadianos, em dose dupla, quando atuavam no controle da bandidagem. Cumpriram seu juramento, entregando suas vida na proteção a sociedade. Também não foi surpresa quando as notícias chegam dizendo que o assassino tem antecedentes criminais. Não deveria estar na rua, mas estava... Assim, como muitos estão, vitimando a população diuturnamente, que atônita nada pode fazer.
A chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, também prestou condolências à morte dos soldados:
— Acredito que o maior patrimônio que as instituições têm são os valorosos homens e mulheres policiais que se colocam à disposição todos os dias para combater a criminalidade, mesmo colocando em risco suas próprias vidas. O exemplo é esse aí: esses dois colegas da Brigada Militar. Como policial, sempre que um tomba, a gente acaba morrendo um pouco. A gente se solidariza, se coloca no lugar.
Ouça a entrevista com o vice-governador: