Em média, a cada quatro horas, uma pessoa é morta e, a cada seis horas, uma é estuprada no Estado, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) que levam em conta os quatro primeiros meses de 2019. Os dados reforçam a importância da campanha "Um segundo contra a violência — você decide se ela avança", lançada há um mês pela Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert).
— Todas as emissoras associadas abraçaram a campanha e a estão divulgando. Vejo que o ato está chamando a atenção da população, pois muitos me perguntam, incentivam e estão aplaudindo a iniciativa dos meios de comunicação do Estado. A ação ainda está no início, e tem chamado a atenção, principalmente das famílias, onde há preocupação com os filhos e netos. Nossa população está muito assustada, mas há expectativa de mudança. Enfim, observamos que está sendo bem recebida pela sociedade como um todo — detalha o presidente da Agert, Roberto Cervo Melão.
Para o desembargador Túlio Martins, vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado, toda e qualquer campanha que traga as pessoas à razão é bem-vinda:
— O Brasil vive momento muito difícil, de acirramento de ânimos, de ódio, o que é muito ruim para a sociedade. Precisamos conversar, refletir e encontrar uma saída, porque a violência é um grave problema. Nossos índices caíram, mas continuam elevados. Providências simultâneas são necessárias, como educação, saneamento, saúde, escolas, presídios. Só iremos resolver o problema da violência se houver incremento em todas elas.
A iniciativa da Agert acontece em um contexto de redução de latrocínios e homicídios no Estado. A SSP deve divulgar ainda nesta semana os indicadores do mês de maio — a tendência é de que se mantenha a queda. Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS), Ricardo Breier, é importante o governo não arrefecer no combate à criminalidade.
— A iniciativa da Agert é muito importante, pois os meios de comunicação podem contribuir com a segurança pública, divulgando e informando. A OAB é parceira em qualquer ato que tenha o dever informativo. A questão-chave, que a imprensa pode cobrar, é que as políticas de segurança não sejam modificadas a cada quatro anos. Temos muitas ações políticas e não permanentes de Estado. É preciso investimento, não deixar o efetivo baixar. O governador deve cumprir metas independentemente de partido — analisa Breier.
O presidente do Instituto Cultural Floresta, Leonardo Fração, entidade que doou armas, coletes à prova de balas e viaturas às polícias civil e militar, apoia a campanha da Agert. De acordo com Fração, a população busca informações por meio da imprensa para entender o contexto de violência atual:
— Temos de falar sobre a violência, não vejo outra forma de resolver a questão a não ser enfrentando-a. Os problemas não irão se resolver sozinhos, a sociedade precisa sair da zona de conforto. Para combater a criminalidade, precisamos nos basear em pilares como educação, emprego, ostensividade policial e punição.
Leia a repercussão com autoridades do RS após um mês de iniciativa.
É uma satisfação ver a Agert realizando uma campanha que envolve todos os veículos, desenvolvida por várias mãos. Acreditamos muito na prevenção e na união de esforços para mudar a segurança pública. É muito bacana ver isso. Há muito tempo afirmamos que sem segurança pública, saúde e educação não temos um bom lugar para viver. A campanha chama a atenção da população, que também tem de fazer sua parte. Vejo com bons olhos, só temos que parabenizar e agradecer a ajuda na questão preventiva e de conscientização.
A campanha é muito importante, pois envolve a parceria do setor público e o canal importante que é a imprensa. Dissemina uma cultura de não violência, de pacificação perante a sociedade, quebrando um pouco o clima em que vivemos, de insegurança. Cabe a todos os órgãos trabalhar para reduzir os índices de criminalidade. À sociedade, cabe o alerta sobre condutas que podem auxiliar os órgãos de segurança. Dentro de casa, na vida de cada um, podemos ter atitudes, formas de enfrentamento que podem contribuir para a diminuição da violência.
Conversar sobre o tema é muito importante e demonstra a preocupação dos meios de comunicação e de toda a população referente às questões que envolvem a violência. Os indicadores de criminalidade melhoraram bastante, mas ainda temos de evoluir. Pretendemos aprimorar o trabalho e ampliar ações. É o que prevê o plano de governo, com ações de integração e maior compartilhamento de informações. Estamos trabalhando e investindo em qualificação para obter resultados ainda melhores.