O número de vítimas de homicídio caiu 44% em Porto Alegre nos primeiros quatro meses de 2019 se comparado ao mesmo período do ano passado. Foram 126 mortes na Capital, 102 a menos que em 2018. Se levado em conta apenas o mês de abril, a queda é de 50%: diminuiu de 58 para 29. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (13) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
A mesma queda registrada em Porto Alegre pode ser verificada no Estado. O quadrimestre fechou com diminuição de 25% nas vítimas de homicídio no Rio Grande do Sul. Ano passado, neste mesmo período, foram 893 assassinados, enquanto em 2019, houve 661 mortos. Em abril, o indicador teve redução de 64 casos, passando de 215 para 151 na comparação entre os dois anos.
A SSP contabiliza de forma separada o número de casos e de vítimas de homicídio. Se consideradas as ocorrências (que podem ter mais de uma morte), a diminuição também é de 44% em Porto Alegre: foram 198 no ano passado e 109 em 2019. No Estado, caiu de 807 para 610.
Para a diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, Vanessa Pitrez, a diminuição nos assassinatos tem relação com o trabalho de inteligência realizado pelas autoridades de segurança. Conforme a policial, a coleta de provas consideradas irrefutáveis acabam gerando o indiciamento de mais pessoas.
— A maioria dos casos de homicídio está relacionado à disputa por pontos de venda de drogas e dívidas também relacionadas ao tráfico. Há relação com organizações criminosas, com várias pessoas envolvidas: um líder que ordena, e os outros que identificam o alvo, os que funcionam como olheiros, até os últimos que efetivamente apertam o gatilho — explica a delegada, salientando que o objetivo da polícia é "desmantelar toda a organização".
Segundo a diretora, trata-se de um trabalho de continuidade — que teria se iniciado no governo anterior. Ela ressalta que está sendo realizada de forma permanente uma operação, chamada Contenção. Ela diz que o intuito da ofensiva é identificar presos envolvidos em homicídios em áreas conflagradas.
— A nova gestão tem priorizado enfoque na inteligência descentralizada, dentro dos próprios departamentos, com maior mobilidade — complementa.
Assim como a diretora do DHPP, o comandante-geral da Brigada Militar (BM) coronel Mário Ikeda concorda que a diminuição nos homicídios passa pelo trabalho contínuo das polícias.
— Estamos focados na redução dos índices de criminalidade, principalmente nos casos de homicídios e roubos. Temos direcionado os recursos para esse tipo de ação — comenta Ikeda.
Conforme o coronel, o Programa Avante, da BM, traça metas de redução nos índices de criminalidade a partir dos números do ano anterior. E ele acredita que é possível haver novas quedas:
— Temos grande expectativa com a formatura de novos soldados, em agosto, e com a implementação da lei de incentivo à segurança, para que possamos receber mais equipamentos e potencializar os trabalhos dos policiais militares.
Os casos de latrocínio (roubo com morte) também apresentaram redução. A Capital teve sete casos nos primeiros quatro meses de 2018. Este ano foram dois mortos, ambos em março. As duas vítimas eram advogados. No primeiro caso, em 2 de março, Fernando Nunes Machado, 42 anos, foi alvejado a tiros por criminosos, durante tentativa de roubo de veículo na casa do pai dele, no bairro Rubem Berta. A dupla fugiu sem levar nada, mas atingiu a vítima na cabeça. Poucos dias depois, em 26 de março, Gabriel Pontes Fonseca Pinto, 28 anos, foi assassinado na Cidade Baixa.
No Estado, foram 25 vítimas de latrocínio nos primeiros quatro meses do ano. Em 2018, foram 34 — o que representa uma redução de 26%. Um dos casos de repercussão aconteceu em Estância Velha, no Vale do Sinos. No dia 10 de abril, Leomar Jacó Canova, 59 anos, e o filho dele Luis Fernando Canova, 35 anos, foram atingidos a tiros por ladrões que tentavam assaltar a joalheria da família.
Outros indicadores também apresentaram queda, tanto no Estado como na Capital. Em todo o Rio Grande do Sul, houve retração de 30% nos roubos de veículo: passou de 6.135 para 4.247. Em Porto Alegre, a diminuição foi ainda mais expressiva. De 3.209 casos nos primeiros quatro meses do ano passado, caiu para 1.894.