Em 2016, a morte de uma representante comercial na frente dos filhos durante um assalto, na zona norte de Porto Alegre, motivou a queda do então secretário da segurança e o reforço policial da Força Nacional após um pedido do governador. Passados dois anos e meio do crime, o número de latrocínios (roubo com morte) no Rio Grande do Sul atingiu menor patamar desde 2002 — foram 16 casos.
O número ainda não é definitivo. A morte do advogado Gabriel Pontes Fonseca Pinto, 28 anos, na Cidade Baixa, em 26 de março, foi registrado como homicídio, mas a polícia pode concluir, em inquérito, tratar-se de um roubo com morte. Essa é a hipótese mais provável, já que o suspeito de cometer o assalto inclusive já foi preso.
— Foram 16 latrocínios, o que não quer dizer que nos deixa felizes, mas é estimulante saber que houve queda nesse indicador — salientou o governador Eduardo Leite, na entrega de viaturas à Polícia Civil, evento no qual os indicadores foram divulgados.
O dado é do primeiro trimestre de 2019 e leva em conta os crimes registrados em todo o Estado. No mesmo período de 2018, foram 21 casos — cinco a mais do que este ano— o que representa uma redução de 23%.
A contagem dos indicadores de criminalidade começou a ser feita em 2002. Nos últimos 17 anos, o ápice dos latrocínios ocorreu justamente em 2016, acompanhado de uma sequência de queda.
Conforme a chefe da Polícia Civil, Nadine Faria Anflor, a diminuição é reflexo do trabalho "diuturno" dos agentes e das investigações de roubos de veículos, considerados potenciais latrocínios. Para o segundo semestre deste ano, a corporação pretende centralizar em Porto Alegre as investigações de crimes patrimoniais, principalmente roubo de veículos.
— Centralizar a investigação num único local, para conseguir investigar associação criminosa. Hoje a gente sabe que não são quadrilhas. Os criminosos participam hoje de roubo de veículo e amanhã atuam num abigeato, vão migrando. Grande desafio é nos organizarmos para tirar criminosos das ruas — salienta Nadine.
Para comandante da Brigada Militar, Mario Ikeda, a queda nos indicadores é reflexo de ações preventivas de policiamento e colocação de viaturas em pontos estratégicos da cidade, de maneira ostensiva. Segundo o oficial, os crimes contra a vida — latrocínio e homicídios — têm atenção especial na corporação.
Em Porto Alegre, também houve diminuição nos casos de roubo com morte. No primeiro trimestre de 2018, foram cinco crimes deste tipo. Nos três primeiros meses deste ano, a SSP contabiliza um — queda de 80%. O advogado Fernando Nunes Machado, 42 anos, foi alvejado a tiros por criminosos, durante tentativa de roubo de veículo na casa do pai dele, no bairro Rubem Berta, em 2 de março.
Além dos latrocínios, os homicídios também tiveram queda. De janeiro a março deste ano, em relação aos três primeiros meses de 2017, a redução nos casos foi de 23%. Já o número de vítimas registrou queda de 25,36%.
Por outro lado, apenas as ocorrências em transportes coletivos e lotações registradas com usuários apresentaram alta de 43%. De 65 casos para 93.