A família de Sérgio Jaime Bernardes, 64 anos, prepara uma cerimônia de despedida do taxista, de Rolante, no Vale do Paranhana, morto por traficantes há pouco mais de dois meses. O corpo da vítima foi encontrado carbonizado no porta-malas de um veículo em Canoas, na Região Metropolitana. O laudo da perícia comprovou que eram os restos mortais do motorista.
Segundo a filha, Maiara Bernardes, 29 anos, a família recebeu no dia 22 de maio a confirmação, por meio de análise do DNA, de que o corpo era do pai. Uma semana depois, em 29 de maio, foi feito o sepultamento dos restos mortais. A família organiza para o domingo (16) um culto ecumênico. A cerimônia está prevista para 9h30min, na sede do Grêmio Esportivo Internacional de Rolante.
— Ele já está enterrado aqui. Nós não fizemos enterro (cerimônia). Mas vamos fazer um culto ecumênico em forma de agradecimento a essas pessoas todas que rezaram e mandaram boas vibrações pela passagem dele — afirmou a filha.
O idoso desapareceu em 28 de março na localidade do Morro da Figueira, em Rolante, com o táxi, um Spin. O carro foi localizado parcialmente queimado cerca de uma hora depois. Segundo a investigação, Bernardes foi morto por traficantes de drogas. Conforme o delegado Vladimir Medeiros, quando foi interceptado, o taxista não era o alvo do criminosos, que estariam em busca de outra pessoa.
Ainda assim, os traficantes levaram a vítima de Rolante até uma residência em Portão, no Vale do Sinos. No local, o taxista teria sido torturado por cerca de meia hora e depois morto pelos criminosos. Ele foi enterrado em cova próxima desta casa. Para confundir a investigação, teriam retirado corpo do local dias depois e colocado no porta-malas de um carro. O veículo foi incendiado em Canoas.
Emboscada
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP), dois criminosos e um adolescente telefonaram para a vítima pedindo uma corrida no Morro da Figueira. Quando chegou no local, Bernardes teria percebido que era uma emboscada.
Os criminosos teriam ligado o giroflex e alinhado o carro em que estavam com o da vítima. Os bandidos teriam dito serem policiais. Bernardes então encostou o táxi e foi arrastado para dentro de um Focus.
O taxista foi mantido no porta-malas até Portão, onde foi levado a uma casa. Ele foi torturado e estrangulado com o cinto que usava. Segundo a denúncia da Promotoria, os criminosos queriam informações sobre uma facção rival. Ao longo da investigação, dois suspeitos foram presos e outros dois tiveram prisão decretada pela Justiça. Um deles segue foragido e outro teve o mandado de prisão revogado. Quatro réus respondem ao processo por sequestro, homicídio qualificado, organização criminosa e ocultação de cadáver.
Bernardes trabalhou por cerca de 10 anos como taxista em Rolante. Atuava em um ponto na área central da cidade. Era bastante conhecido no município. Foi casado por quatro décadas com Ereni Bernardes, 62 anos. O casal teve dois filhos: Maiara, 29 anos, e Daltro, 36 anos.