— Estou aqui porque vou fazer justiça. Não descanso enquanto não vir os matadores do meu filho presos.
O desabafo foi feito na manhã desta segunda-feira (6) por Fabiana Francisco, 43 anos, mãe do cabeleireiro Dionatan Francisco de Souza, 28 anos. Na véspera, uma semana antes do Dia das Mães, ela enterrou o filho no cemitério Rincão da Madalena, em Gravataí, na Região Metropolitana.
Na mesma cidade, no apartamento no qual morava sozinho, Diony, como era conhecido, foi assassinado a facadas, possivelmente na madrugada de sexta-feira (3). O corpo foi encontrado somente na manhã de sábado (4). O caso está sendo tratado pela polícia como homicídio, mas a hipótese de latrocínio (roubo com morte) não é descartada.
Nesta segunda-feira, Fabiana e outro filho, Guilherme Francisco Muller, 24 anos, estiveram no local do crime, para obter informações sobre a proprietária do imóvel, para tratar da devolução.
— Era uma pessoa extremamente humana. Quem fez isso, certamente não o conhecia, pois, quem o conhecesse, não faria isso — disse a mãe.
De acordo com Fabiana, havia cerca de um mês e meio que Diony passara a morar sozinho. Até então, residia com irmãos. Há menos de um ano, ele trabalhava na estética One Beauty Lounge, há poucas quadras de onde morava. Na quinta-feira (2) à tarde, ele deixou o trabalho mais cedo e, via WhatsApp, desculpou-se com a maquiadora Ana Pacheco.
"Só não quero parecer mais um desinteressado pelo trabalho e a estética", escreveu, alegando dores nos pés, causadas por uma alergia.
No dia seguinte, o cabeleireiro não foi trabalhar. Às 13h33min, Ana lhe enviou uma mensagem, perguntando como estava. No celular da maquiadora, junto ao texto, apareceu um sinal indicativo de que o envio foi efetuado, mas que não chegou ao aparelho do contato. A partir de então, várias outros recados foram mandados também por outro colegas, mas nenhum foi recebido pela vítima.
No sábado pela manhã, por volta de 11h, Ana e outra colega decidiram ir ao apartamento de Diony. Tocaram várias vezes a campainha e não obtiveram resposta.
— Minha colega espiou por baixo da porta e enxergou os pés dele. Então, decidiu arrombar — conta Ana.
De acordo com a Polícia Civil, o corpo apresentava diversos ferimentos.
— Provavelmente foi usada uma faca — diz o delegado de Homicídios de Gravataí, Eduardo Amaral.
A arma, contudo, não foi encontrada, assim como o celular da vítima. Imagens de câmeras de segurança mostram Diony entrando no prédio com dois homens, que saem cerca de 40 minutos depois, carregando uma mochila. No interior do apartamento, havia latas de cerveja e indícios de consumo de cocaína.
— Ainda não temos novidades e homicídio segue como a principal linha de investigação, com latrocínio como linha secundária — explica o delegado.
Diony era solteiro e não tinha antecedentes.