Um suspeito de integrar o bando que atacou uma agência bancária de Porto Xavier, na Região Noroeste, na quarta-feira (24), foi morto em confronto com a Brigada Militar no fim da manhã deste domingo (28). Segundo a major Vanessa Peripolli, ele deparou com uma barreira da polícia, houve tiroteio e ele acabou alvejado. Três suspeitos já haviam sido presos no sábado — um deles é um brigadiano aposentado. Durante as buscas pelos assaltantes, na quinta-feira (25), um policial militar foi morto em tiroteio com os criminosos.
Ainda segundo a oficial, foi apreendido um fuzil e um revólver com o homem que trocou tiros com a BM. Próximo do local, há um veículo carbonizado. O confronto aconteceu em Linha 1º de Março, localidade no limite entre Porto Lucena e Campina das Missões. O morto ainda não foi identificado.
— Tentou furar o cerco e entrou em confronto. Foi ferido e morreu ao ser socorrido — afirmou Vanessa.
Segundo a BM, informações da comunidade da Região Noroeste têm sido essenciais para a polícia chegar ao rastro do bando. Foi assim neste sábado (27), quando moradores estranharam a presença de um homem, com roupas sujas em Porto Lucena. Após esta primeira prisão, outro dois suspeitos foram detidos, um deles é um brigadiano aposentado.
O suspeito, de 53 anos, estava na praça central do município de 4,7 mil habitantes, na fronteira com a Argentina. Com roupas sujas, rasgadas e ensanguentadas, ele tentava comprar alimentos na área central. Os moradores informaram a Brigada Militar, que fez a prisão pouco antes das 18h de sábado. Ele confessou informalmente aos policiais que teria sido o primeiro assaltante a ingressar no banco. Isso logo após estourarem com tiros os vidros da agência bancária.
Com esta prisão, a polícia chegou a uma propriedade, no interior de Porto Xavier, que teria servido como ponto de planejamento do crime. Neste sítio, do sargento aposentado da Brigada Militar, foi preso um funcionário, por suspeita de envolvimento no crime. Em seguida, os policiais foram até a casa do militar da reserva, onde ele foi preso. Segundo o delegado Heleno Santos, o sargento aposentado seria um dos líderes do grupo que atacou o Banco do Brasil.
A suspeita da polícia é de que ele não tenha participado da ação dentro do banco, mas tenha feito o levantamento prévio para os criminosos. Teria sido o responsável por acompanhar a movimentação da Brigada Militar e da Polícia Civil, além de ceder o sítio para que os bandidos permanecessem escondidos. Diferentemente do primeiro preso, os outros dois permaneceram em silêncio.
O primeiro preso relatou que há, pelo menos, mais quatro assaltantes na mata. Ele disse que se separou dos comparsas durante a fuga e não soube dizer se um dos criminosos teria morrido, uma das suspeitas da polícia. Ele negou que tenha sido o autor do disparo que matou o soldado. Os nomes dos presos ainda não foram divulgados pela polícia.
Durante a madrugada, um homem foi levado à Delegacia de Polícia de Porto Xavier para prestar esclarecimentos, por suspeita de envolvimento no assalto. Após ser ouvido, foi liberado. Segundo a major Vanessa, o cerco continua neste domingo, na tentativa de localizar os bandidos na mata. Cerca de 150 policiais participam das buscas aos criminosos.
A varredura se concentra em área de cerca de 24 hectares na Linha 1º de Março, no limite entre Porto Lucena e Campina das Missões. Os policiais vêm recebendo com frequência informações de moradores para tentar rastrear o local onde estão escondidos os outros assaltantes.
— A comunidade tem trazido muitas informações, como veículos estranhos ou circulação de pessoas. Estamos verificando tudo o que chega — afirmou a oficial.
Uma coletiva de imprensa está agendada para as 14h, na Câmara de Vereadores de Campina das Missões, para prestar esclarecimentos sobre o caso. Deveriam participar o secretário da Segurança do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, a chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor e o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Mario Ikeda. No entanto, no início da tarde o governo emitiu nota na qual afirma que, em razão de uma pane elétrica na aeronave que faria o transporte, a presença dos três foi cancelada.
Confira a nota na íntegra:
"O vice-governador Ranolfo Vieira Júnior esclarece que a aeronave que realizaria o transporte até Campina das Missões apresentou uma pane elétrica, não possibilitando sua decolagem. O vice-governador participaria de coletiva de imprensa a respeito da prisão dos suspeitos da morte do soldado da BM, Fabiano Lunkes, e de ataque à agência bancária. Por essa razão, vice-governador, chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, e o comandante da Brigada Militar, Mario Ikeda, não participarão da coletiva. O atendimento a imprensa segue mantido, e ocorrerá às 14 horas, na Câmara de Vereadores de Campina das Missões."
Entenda o caso
Na tarde da última quarta-feira (24) criminosos atacaram uma agência do Banco do Brasil em Porto Xavier, no noroeste do Estado. Os ladrões chegaram atirando contra os vidros da agência bancária. Em seguida, alguns deles obrigaram moradores a formar um cordão humano, enquanto outros seguiam em direção ao cofre e aos caixas.
Policiais ouviram os disparos e foram até o local. Quando chegaram, foram recebidos a tiros.Os assaltantes fugiram em dois veículos levando três reféns, que foram liberados em seguida, na saída da cidade. Ninguém ficou ferido. Iniciaram-se as buscas aos criminosos.
Os assaltantes conseguiram fugir para um matagal no interior de Campina das Missões. Por volta de 3h30min, o grupo teria tentado sair da mata e encontrou o cerco policial. Os bandidos portavam fuzis e atiraram contra os PMs. O soldado da Brigada Militar Fabiano Heck Lunkes, 34 anos, foi atingido por um disparo na região do tórax e morreu durante atendimento médico.