Em meia hora de depoimento, Pedro Alberto Zimmermann, 52 anos, negou que tenha envolvimento na morte da adolescente Maria Eduarda Zambom, 15 anos, em Catuípe, na Região das Missões. Segundo a Polícia Civil, o motorista de transporte escolar apresentou versões contraditórias sobre o que aconteceu na manhã de 29 de março, quando a garota desapareceu no trajeto para a escola. Ela foi encontrada morta no dia seguinte. O suspeito está preso temporariamente na Penitenciária Modulada de Ijuí.
Inicialmente, o preso alegou que era perseguido por um motociclista há tempos. Ele disse que este homem, armado com uma pistola, teria lhe obrigado a estrangular Maria Eduarda e depois cortar o próprio pescoço. O depoimento aconteceu na tarde de quarta-feira (24). Zimmermann chegou a ficar hospitalizado em Porto Alegre, por conta de um corte no pescoço, mas recebeu alta e nesta semana foi conduzido para Ijuí.
— Esta versão é fantasiosa, pois ele nunca comunicou à Polícia Civil ou à Brigada Militar essa suposta perseguição — declarou o delegado Gustavo Arais.
Questionado pelos policiais sobre outra versão que havia apresentado de maneira informal - que a vítima havia morrido de overdose -, o suspeito voltou a falar sobre essa forma de como o crime teria sido cometido.
— Não há, nos autos, nenhum indício de que Maria era usuária de drogas — afirmou o delegado.
O preso não conseguiu explicar aos policiais o que teria feito no período entre 6h45min, quando chegaram ao local onde a menina foi morta, até as 15h55min, quando ele foi encontrado com um corte profundo no pescoço. Ele afirmou que a adolescente entrou sozinha no mato, passou mal e morreu. O preso negou que tenha violentado sexualmente a vítima. Ele disse ainda que foi obrigado pela adolescente a seguir até a área de mato. Para o delegado, a versão não é compatível com a realidade.
— Trata-se de um homem de 52 anos, de porte físico avantajado, e que em nenhum momento se deixaria intimidar por uma frágil menina de 15 anos — analisou.
Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual os objetos de Maria Eduarda, como tênis e mochila escolar, foram encontrados em diferentes locais, indicando que ela teria tentado fugir dele, Zimmermann alegou que eles foram espalhados pela própria adolescente.
O preso alegou que nunca tocou em Maria Eduarda, ao contrário do que relataram os familiares da menina. Uma avó contou que ela tinha medo de ser morta por ele. A família planejava ir à Secretaria de Educação de Catuípe pedir a troca de motorista. O delegado espera concluir o inquérito até o fim de maio.
O caso
Maria Eduarda Zambom, 15 anos, residia no interior de Catuípe. A menina ia diariamente para a escola com transporte escolar fornecido pelo município. Na manhã do dia 29 de março, ela aguardava em frente a residência, mas o motorista apareceu com um veículo particular.
A menina desapareceu naquela manhã. Zimmermann foi localizado horas depois com um corte profundo no pescoço. A polícia acredita que ele tenha tentado se matar após assassinar a vítima. O corpo de Maria Eduarda foi encontrado em matagal no dia seguinte. Ela teria sido morta por estrangulamento e apresentava sinais de violência sexual.