As circunstâncias de uma ação policial que terminou na morte de um jovem de 19 anos, em Florianópolis, são investigadas desde o início da tarde desta quinta-feira (19). O caso ocorreu no bairro Ingleses, no norte da Ilha. Vitor Xavier da Silva atirava em latinhas de alumínio, com uma arma de pressão similar a uma pistola, quando foi abordado e baleado por policiais militares. O jovem chegou a ser socorrido pelo Samu, no quintal de casa, mas não resistiu.
Há versões diferentes sobre o que aconteceu antes dos disparos. Policiais envolvidos na ocorrência informaram ao comando e à Delegacia de Homicídios que reagiram porque o rapaz apontou na direção da guarnição e não sabiam que a arma se tratava de uma réplica. Familiares do jovem, por outro lado, afirmam que os policiais dispararam contra Vitor antes mesmo de abordá-lo.
— Passou a viatura com o portão fechado, trancado, e atirou no meu irmão sem perguntar, sem mais nem menos — conta a irmã da vítima, que preferiu não se identificar.
Vitor tinha o sonho de servir às Forças Armadas e boa relação com os vizinhos. Segundo a família, o jovem nunca teve problemas com a polícia.
Os PMs responsáveis pelos disparos já foram ouvidos pelo delegado Ênio Mattos, da Delegacia de Homicídios. Segundo o relato, a viatura fazia patrulhamento na região e se deslocou até a casa de Vitor após ser informada por moradores de que uma pessoa brincava com uma arma no local. Os PMs alegam que o jovem não obedeceu a ordem para largar a arma e também a apontou contra eles.
Ênio informou que a ação policial é tratada como um caso de "ameaça e confronto".
— Como é que você vai saber que é uma arma de brinquedo? Só vai saber depois. Se fosse uma arma de verdade e ele tivesse atirado contra os policiais? Não tem como saber, a distância, se é arma de brinquedo ou não. Depois que se foi saber que era uma arma de brinquedo — comentou o delegado.
Familiares de Vitor devem ser ouvidos pela Delegacia de Homicídios na próxima semana.
PM analisa ocorrência em Inquérito Policial Militar
A PM também deu início a uma apuração própria, por meio de Inquérito Policial Militar, para que a conduta dos policiais seja analisada. O comandante-geral da PM, coronel Araújo Gomes, manifestou que a versão repassada pelos policiais ao comando corresponde com o relato já apurado pela Delegacia de Homicídios.
— Segundo a guarnição, ao chegar ao local, ela avistou realmente um jovem, com o que parecia ser um arma na mão. Essa arma foi apontada para a guarnição, que revidou desferindo os tiros que acabaram levando ele à morte. Ainda foi socorrido pelo Samu, mas não foi possível salvá-lo. A PM está abrindo um Inquérito Policial Militar, que vai apontar, descobrir após depoimentos, análise das provas e outros procedimentos de investigação, o que aconteceu — apontou Araújo.
Em nota oficial, a PM comunicou os procedimentos formais instaurados para apurar os fatos pela própria Polícia Militar e pela Delegacia de Homicídios. A corporação também manifestou pesar pela morte ocorrida e que "tomará medidas para reduzir o risco de que novos incidentes como este se repitam".