A delegada regional de Três Passos, Cristiane de Moura e Silva Braucks, falou por cerca de três horas no julgamento sobre a morte do menino Bernardo Uglione Boldrini. O crime aconteceu em abril de 2014, quando o garoto tinha 11 anos. O pai, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini e os irmãos, Edelvânia e Evandro Wirganovicz, são réus no caso. No primeiro dia de julgamento, foram ouvidas duas testemunhas de acusação.
A primeira a ser ouvida foi a delegada Caroline Bamberg Machado, que atuava em Três Passos no período do crime. O depoimento dela durou cerca de quatro horas. Na sequência, após curto intervalo, começou a ser ouvida Cristiane. No início do depoimento, a delegada afirmou que o menino se sentia abandonado por parte da família.
— Um menino extremamente carente, que pedia abraços, pedia carinho — relatou, quando questionada sobre a relação do menino com o pai.
Por certo período, durante o depoimento da delegada, Edelvânia cobriu o rosto com as mãos. Ela foi a única dos réus que chorou durante a sessão. A policial afirmou, reproduzindo o relato de testemunhas, que o menino não tinha roupas adequadas, sofria falta de afeto, costumava ir à escola sem lanche e que em um aniversário chegou a dizer que estava à procura de uma casa “que tenha um bolinho”.
Essas afirmações foram rebatidas pela defesa de Boldrini. O advogado Ezequiel Vetoretti chegou a relatar que o médico teria cancelado uma cirurgia ao saber, um dia antes, que precisava buscar o boletim escolar do filho.
— Ele cancelou e foi. Disso a senhora não lembra? Construíram uma imagem do Leandro — afirmou.
Questionada sobre o que poderia ter motivado o assassinato de Bernardo, a delegada disse que o menino e a madrasta não tinham boa relação e recordou os vídeos de confrontos com o pai. Disse ainda que a família era negligente e que o menino costumava ser acolhido por vizinhos.
— Aquele núcleo familiar não comportava mais o Bernardo — disse Cristiane.
O júri será retomado às 9h desta terça-feira (12), no Fórum de Três Passos. A primeira a ser ouvida, também como testemunha de acusação, será a empresária Juçara Petry. Ela costumava acolher o menino em casa com frequência. Além dela, há mais duas testemunhas convocadas pelo Ministério Público.
A defesa de Leandro Boldrini chamou 10 pessoas. Os outros réus não têm testemunhas de defesa. A previsão é que a sessão se estenda até às 19h, mas, assim como nesta segunda-feira, caso seja necessário, o horário será estendido para finalizar algum depoimento.