A descoberta de um laboratório que sintetizava MDA, a matéria-prima do ecstasy, em uma chácara em Rio dos Cedros, em Santa Catarina, na última quarta-feira (27), pela polícia, guarda semelhanças com a série norte-americana Breaking Bad, em que um professor de química resolve ganhar dinheiro produzindo drogas. O grupo foi detido com matéria-prima suficiente para produzir 600 mil comprimidos de ecstasy.
Em reportagem do Fantástico, exibida pela Rede Globo neste domingo, o delegado da Polícia Civil, Vicente Soares, disse que o engenheiro químico preso durante a operação admitiu ter se inspirado na ficção.
— Deu para perceber que se inspiraram (na série). Principalmente o engenheiro químico, que falou que, depois de ver a série, ficou com vontade de seguir aquele caminho — afirmou o delegado.
O engenheiro químico de 27 anos formou-se no ano passado em Itajaí, e segundo a polícia, morava em Balneário Camboriú. Nas redes sociais, não há qualquer indicativo sobre a “vida dupla” que vinha levando. A polícia já tinha conhecimento do laboratório há pelo menos quatro meses.
Ele teria sido cooptado por um dos líderes do grupo que, segundo a polícia, tinha a fórmula do MDA, mas não sabia como produzir. Em outra semelhança com a ficção, a produção passou a ser vendida como a melhor do mercado após a intervenção "profissional".
— O engenheiro químico conseguiu melhorar a fórmula. Eles se gabavam de que o produto deles era o melhor do mercado atualmente — disse o delegado.
Apreensão foi recorde
O rapaz foi preso com outras quatro pessoas — inclusive os dois chefes da quadrilha, que já tinham passagem pela polícia — na chácara em Rio dos Cedros. Um empresário, que segundo a polícia fornecia os produtos químicos para a produção da droga, também foi detido em Joinville.
No laboratório foram encontrados 40 quilos de MDA prontos, além de material suficiente para produzir outros 40 quilos — o que corresponde a 600 mil comprimidos de ecstasy, uma das maiores apreensões já feitas no país. A polícia calcula que o material apreendido equivale a R$ 18 milhões.
O grupo está preso no Presídio de Blumenau. A pena por tráfico e associação para o tráfico pode chegar a 20 anos de prisão.