O júri dos quatro acusados da morte do menino Bernardo Boldrini chegou ao terceiro dia nesta quarta-feira (13), em Três Passos, noroeste do RS. Confira quais foram os principais destaques do dia:
PARA LER EM DOIS MINUTOS
Nesta quarta-feira, depuseram um dos réus, Leandro Boldrini, e três das suas testemunhas de defesa — Luiz Omar Gomes Pinto, Maria Cremonese e Luiz Gabriel Costa Passos.
Luiz Pinto era ex-funcionário de Boldrini. Ele afirmou que desconhecia a agressividade do pai com Bernardo, que ele era ausente devido ao trabalho e que era uma pessoa de trato fácil e humilde. Também relatou que não conviveu com Graciele Ugulini e que temia ser processado. Confira detalhes do depoimento.
Maria Cremonese era ex-professora de Boldrini. Ela relatou que o pai de Bernardo era carente de afeto e que era muito inteligente na época da escola.
O perito chamado pela defesa, Luiz Gabriel da Costa Passos, questionou a veracidade das assinaturas de Boldrini no receituário apreendido pela polícia. O depoimento teve bate-boca com um dos promotores.
Último depoente do dia, Leandro Boldrini negou qualquer envolvimento na morte do filho, diz que amava Bernardo e expôs a sua versão sobre o desaparecimento do menino. Ele foi questionado pela promotoria, e a defesa o orientou a não responder perguntas, além de pedir a anulação do julgamento. Quando questionado pela defesa se seria um bom pai, ele respondeu:
— Certamente eu faria coisas diferentes.
Ela também acusou Graciele Ugulini e Edelvânia Wirganowicz de cometer o assassinato de Bernardo.
— O que fizeram com o Bernardo não tem explicação. A vida a gente reconstrói depois. Deixa eu ir lá ver onde está meu filho, abraçar minha filha, em Santo Augusto. O meu caminho vai ser trilhado de volta em Três Passos, podem escrever isso. Ao final desse processo vocês vão ver quem assassinou e planejou. E eu digo quem foi: foi a Graciele e a Edelvânia! Eu não mandei matar o meu filho — disse com olhos fixos nos jurados.
PARA LER EM CINCO MINUTOS
A primeira testemunha a depor, a pedido da defesa de Leandro Boldrini, foi o ex-funcionário Luiz Omar Gomes Pinto. Ele afirmou que desconhecia agressividade do pai com Bernardo, que ele era ausente devido ao trabalho e que era uma pessoa de trato fácil e humilde.
Durante os questionamentos dos advogados, ocorreu bate-boca que motivou a suspensão da sessão. Luiz afirmou que não conviveu com Graciele Ugulini e que a mulher, Elaine Raber Pinto, fez contato com a avó materna de Bernardo, mas ela teria dito que não se meteria no assunto e sugeriu que ela procurasse as autoridades.
A promotoria perguntou se a esposa de Luiz, que trabalhava como babá de Bernardo, sabia dos maus-tratos ao menino. Ele relatou que temia ser processado e que a mulher ficava transtornada ao encontrar Bernardo na rua.
A segunda testemunha de defesa, Maria Lúcia Cremonese, afirmou que Leandro Boldrini foi criado por uma família rude, que não lhe dava carinho.
Afirmou que o garoto nunca ganhou colo do pai, por exemplo. Lembrou que Boldrini era inteligente e lia livros acima da classe que estava, mais avançados.
O promotor Bruno Bonamente questionou se a testemunha achava Boldrini muito inteligente. Ela disse que sim. Ao promotor Ederson Vieira, a testemunha declarou ter se oferecido para depor a favor de Boldrini para explicar como ele era. Disse ter entendido que o objetivo do depoimento dela seria para reforçar a ideia de que Boldrini é "desatento".
O perito chamado como testemunha para a defesa de Leandro Boldrini afirmou diante dos jurados que o receituário apreendido pela polícia, usado para comprar Midazolam, não foi assinado pelo pai de Bernardo. Luiz Passos disse que a assinatura não é do "punho de Leandro Boldrini". Ele diz que foi uma "imitação".
Midazolam é o remédio que teria causado a morte de Bernardo Uglione Boldrini, em 4 de abril de 2014. As defesas dos outros três réus não fizeram questionamentos ao perito.
A promotora Sílvia Jappe questionou o motivo de a defesa só ter juntado o parecer técnico do perito ao processo na semana passada e quis saber quanto Passos recebeu pelo trabalho. O perito se negou a dizer por se tratar de questão de "foro íntimo".
O promotor Ederson Vieira ponderou que o material questionado — que está no receituário apreendido — é uma rubrica e não uma assinatura. Houve bate-boca entre ele e o perito.
O médico Leandro Boldrini foi o primeiro réu pela morte de Bernardo Uglione Boldrini a ser ouvido no julgamento em Três Passos. Ele está sendo submetido a julgamento, ao lado de Graciele Ugulini, que era madrasta do menino, Edelvânia e Evandro Wirganovicz.
Boldrini iniciou as respostas negando que tenha algum envolvimento na morte do filho.
— Nego veementemente. Amo até hoje meu filho. Infelizmente ele não está mais comigo — afirmou.
Leandro deu detalhes sobre o momento do suposto desaparecimento de Bernardo, deu explicações sobre a questão dos medicamentos que Bernardo tomava e foi questionado pelos promotores até as 17h42, quando foi orientado pela defesa a não mais responder perguntas.
Ela também acusou Graciele Ugulini e Edelvânia Wirganowicz de cometer o assassinato de Bernardo.
— Não sou egoísta ao ponto de dizer, “pobre de mim, estou preso, minha vida acabou”. Não senhor. O que fizeram com o Bernardo não tem explicação. A vida a gente reconstrói depois. Deixa eu ir lá ver onde está meu filho, abraçar minha filha, em Santo Augusto. O meu caminho vai ser trilhado de volta em Três Passos, podem escrever isso. Ao final desse processo vocês vão ver quem assassinou e planejou. E eu digo quem foi: foi a Graciele e a Edelvânia! Eu não mandei matar o meu filho — disse com olhos fixos nos jurados.