A casa na praia foi alugada com antecedência. O negócio foi fechado após o grupo de amigos ver anúncio em um site. Por mensagem de celular, receberam fotos e detalhes da residência. Por ali, vieram os dados bancários para o pagamento. Desembolsaram adiantado R$ 768 para passar seis dias, na virada do ano.
— Era uma supercasa. Com quatro dormitórios e até piscina — conta um jovem de 19 anos, que preferiu não se identificar.
Após pagamento, o suposto corretor não atendeu mais o telefone. Foi aí que o grupo percebeu que caiu em um golpe. Estes jovens não foram as únicas vítimas.
Pelo menos 36 casos foram registrados desde o começo de dezembro nas delegacias do Litoral Norte, segundo levantamento realizado pela editoria de Segurança de Zero Hora e Diário Gaúcho. O número pode ser maior, já que muitas vítimas registraram ocorrências na cidade de origem ou pela internet.
Às pressas, o grupo foi procurar outro lugar para ficar. A poucos dias do Réveillon, os preços estavam elevados e os jovens tiveram de desembolsar R$ 5 mil por nova casa. Optaram por fechar o negócio com imobiliária, para evitar novo prejuízo. O golpe não é novo, mas preocupa. Em Capão da Canoa, uma equipe foi deslocada especialmente para cuidar destes caso.
Identificar criminosos não garante a prisão
Segundo a delegada Sabrina Deffente, a ideia é tentar encontrar relações entre os crimes, o que pode facilitar na localização dos responsáveis.
— Em dois casos a gente percebeu que a conta para o depósito do dinheiro coincide. Vamos ver se são os golpistas ou se são laranjas – observa a delegada.
Em média, os estelionatários chegam a exigir R$ 400 para garantir o aluguel da casa. No entanto, o delegado Paulo Perez, titular em Tramandaí, alerta que há casos em que as vítimas depositaram R$ 1 mil.
— No passado, tivemos situações bem constrangedoras, de famílias inteiras chegando no litoral com carro carregado e não tendo onde ficar. Causa um transtorno muito grande – observa Perez.
Conforme o delegado, a investigação desses crimes é lenta, devido à demora para quebra de sigilos bancários e telefônicos. Ele explica que, mesmo com a identificação dos envolvidos, a Justiça muitas vezes não concede a prisão por considerar estelionato crime de menor potencial ofensivo.
Para tentar mascarar o negócio, os golpistas chegam a fazer contratos de aluguel. Mas, isso não é garantia, de acordo com os delegados consultados pela reportagem.
Esquema interrompido em Cidreira
Desde a identificação de um estelionatário que atuava em Cidreira, em outubro, nenhum caso foi registrado na cidade. Antes, pelo menos sete pessoas haviam sido lesadas por esse tipo de crime.
Confira as dicas e saiba como se prevenir