Problemas com aluguel de temporada são comuns e costumam ocorrer, principalmente, quando o contrato fechado diretamente entre o golpista e a vítima, fora de imobiliárias. Os golpes também são mais frequentes quando envolvem imóveis distantes da cidade onde os interessados residem. Com a propagação de aplicativos como WhatsApp e sites de anúncio como OLX, acabou ampliado o terreno para propagação de ofertas enganosas, que sempre existiram em classificados de jornais.
— Os golpes costumam envolver ofertas em cidades distantes, para evitar que a vítima consiga ir pessoalmente conferir o imóvel — explica o delegado Leonel Baldasso Pires, autor do livro Golpes e Fraudes.
Em 2017, Baldasso capitaneou uma equipe que prendeu três suspeitos de aplicar o golpe do aluguel em Balneário Camboriú e Torres. Eles publicavam fotos falsas de imóveis em redes sociais e classificados, informando endereço nos locais mais valorizados dessas praias. Chegando ao local, as vítimas descobriam que os imóveis não existiam ou não estavam disponíveis para locação. No total, foram ludibriados pelo menos 20 veranistas.
— A melhor forma de se prevenir é ir até o imóvel ou pedir a alguém que more próximo fazer esta visita. Se não for possível, é sempre mais seguro fazer o aluguel através de uma imobiliária — explica Baldasso.
O delegado sugere que, caso se caia em um golpe do gênero, preste-se queixa nas delegacias locais. Confira, abaixo, dicas para evitar que o sonho das férias se transforme em um pesadelo.
DICAS PARA EVITAR CAIR EM UM GOLPE
- Desconfie de ofertas que chegam por whatsapp ou são compartilhados em redes sociais, principalmente o Facebook. É mais seguro alugar por meio de imobiliárias e, em segundo lugar, por sites conhecidos como Booking e Airbnb, levando em conta, sempre a avaliação e os comentários de outros consumidores.
- Antes de acertar o aluguel, procure ir até o local e falar diretamente com o proprietário. Isso evita o risco de pagar pelo aluguel de um imóvel que, na realidade, nunca esteve no mercado. Se não tiver condições, peça para que um amigo ou conhecido que more mais próximo o faça.
- Se o suposto proprietário desconversar quando você der a ideia de ir pessoalmente ao local antes de fazer o acordo, pode ser sinal de que algo vai errado.
- Fique atento aos indícios de golpe: geralmente, correspondem a imóveis em praias mais distantes, para desencorajar a vítima de ir até o local. No Rio Grande do Sul, é mais comum que os golpes ocorram em Torres, e, em Santa Catarina, em Balneário Camboriú e Bombinhas. Além disso, o valor desses imóveis costuma ser muito mais baixo do que a média do mercado.
- Peça para ver fotos de dentro do imóvel. Lembre-se que, para o golpista, é muito fácil tirar fotos externas e publicar um anúncio como se a casa fosse sua. Mas fique atento: a existência de fotos internas não garante que o negócio é seguro.
E SE ALGO DER ERRADO?
- Se e as condições da casa forem diferentes do que foi prometido, o locatário tem o direito de exigir a devolução do valor pago, como garante o artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor.
- Para receber o dinheiro de volta, o inquilino precisa desistir de ficar no imóvel. Se optar por permanecer no local, o consumidor pode negociar um abatimento no preço, proporcional à queda na qualidade das características ofertadas.
- Em caso de desacerto com o proprietário, procure o Procon ou o Juizado Especial Cível (JEC). Mas se perceber que caiu em um golpe, vá até a delegacia mais próxima registrar ocorrência.
- Na avaliação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), sites de aluguel de temporada como Airbnb e Booking.com, que realizam todo o trâmite de contratação, inclusive de pagamento, podem ser responsabilizados por por problemas com a locação. O delegado Leonel Baldasso discorda, uma vez que esses sites são apenas meios de publicação.
COMO TENTAR GARANTIR UMA BOA ESCOLHA
- Informe-se sobre o histórico do imóvel. Busque referências com amigos ou a partir de comentários na internet de outros clientes que já se hospedaram no local.
- Informe-se sobre as condições de acesso ao local e a infraestrutura da região: se há padarias, açougues, supermercados próximos, bem como as condições de segurança do imóvel. Consulte o endereço no Google Maps, ou ferramentas similares, e veja a distância do local até os principais pontos que pretende visitar.
- Caso a locação seja feita diretamente com o proprietário, sem intermediação de uma imobiliária, faça um contrato detalhando o que foi tratado verbalmente, como as datas de entrada e saída do imóvel, nome, número de documentos (como CPF e identidade) e endereço do proprietário, preço e forma de pagamento, local de retirada e entrega das chaves.
- Da mesma forma, faça um inventário do que há no imóvel. Detalhe o estado das portas e dos móveis, a quantidade de louça, o funcionamento de itens eletrônicos etc. Entregue uma cópia para o proprietário.
- Evite pagar todo valor antecipadamente, perdendo assim o poder de negociação para uma eventualidade no imóvel.
Fontes: Idec, Zap Imóveis e delegado Leonel Baldasso.