Tentar inverter a lógica do crime e antecipar resposta às ações dos bandidos envolvidos em ataques a bancos é o principal objetivo da Operação Diamante. Para isso, troca de informações entre órgãos de segurança, uso de armamento pesado, de veículos blindados e aeronaves estão entre as estratégias empregadas.
A ação, desencadeada pela Brigada Militar no interior do Estado, busca impedir que assaltantes sitiem cidades, como na modalidade conhecida como "novo cangaço" — que envolve a tomada de reféns ou a realização de cordão-humano para ataques —, ou que destruam agências com explosivos durante a madrugada. Por outro lado, tenta compensar o baixo efetivo das cidades do Interior.
Nos dois casos nesta semana, em Ibiraiaras, no Norte do Estado, e em Arroio dos Ratos, na Região Carbonífera, policiais das tropas especiais estiveram envolvidos nos confrontos com criminosos. Os tiroteios resultaram em 10 criminosos e um refém mortos.
— Estamos usando a mesma estratégia deles, a surpresa, mas para prevenir — garante o subcomandante-geral da BM, coronel Eduardo Biacchi, que coordena a ação.
Integram a operação as tropas de elite da BM, que passam por treinamentos diários. Compõem o grupo policiais dos três Batalhões de Operações Especiais (BOE) e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), além do Batalhão de Aviação. As tropas especiais têm treinamento mais intensificado do que os PMs que estão na rua diariamente.
A partir de dados obtidos por meio da troca de informações com outros órgãos de segurança, esses policiais são deslocados para as regiões onde há maior risco de acontecer o ataque. O total de PMs empregados na ação é mantido em sigilo. Eles são posicionados em diferentes municípios e passam a monitorar a área dia e noite.
A ação tenta também impedir que brigadianos de cidades do Interior, onde há defasagem de policiais, tenham que enfrentar sozinhos criminosos com armas de grosso calibre, em geral usadas em ataques a agências bancárias.
— Esses bandidos colocam pessoas na mira de fuzis, dão tiros para cima. Se não conseguirmos evitar o assalto, teremos uma tropa mais aparelhada e especializada para esse tipo de enfrentamento com quadrilhas com fuzil, submetralhadora — diz Biacchi.
O sigilo
Além de fuzis de precisão, os PMs contam, por exemplo, com viaturas blindadas, como a Pajero na qual estavam os brigadianos envolvidos no confronto em Arroio dos Ratos, na Região Carbonífera, que resultou em quatro mortos. Outra forma de deslocamento são os helicópteros, equipados inclusive com um imageador térmico para fazer buscas noturnas. O sigilo que envolve o deslocamento dessas tropas é considerado ponto chave para que as quadrilhas sejam surpreendidas.
— Essa operação não é secreta porque não tem como esconder 80 policiais e uma aeronave. O que é sigiloso é o deslocamento, que ocorre de forma dinâmica. O criminoso só vai saber onde estamos quando deparar com o policial no caminho — afirma o subcomandante.