Depois de deflagrar nesta quinta-feira (6) uma operação contra esquema criminoso envolvendo uma facção gaúcha e traficantes do Uruguai, a Polícia Civil divulgou áudios que comprovam a venda de carros clonados e drogas do Estado para o país vizinho.
Traficantes uruguaios não estariam dando conta da demanda por drogas, e fizeram uma parceria com uma facção gaúcha, com base no Vale do Sinos. Apesar da legalização, o mercado paralelo revende maconha por um preço três vezes inferior ao estipulado pelo governo, e a procura é grande.
Em contrapartida ao fornecimento de drogas e carros, os investigados gaúchos recebem de cidades uruguaias dinheiro e armas. O tráfico internacional de entorpecentes e de armamentos é feito via terrestre, por carros ou pelo transporte público.
A 1ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) reuniu 50 agentes para cumprir hoje três mandados de prisão e sete de busca em Porto Alegre, Canoas, Viamão, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Jaguarão.
Durante a investigação de sete meses, a polícia apreendeu drogas em ações pontuais e prendeu mais três criminosos no Rio Grande do Sul, sendo dois deles uruguaios. A facção envolvida tem base no Vale do Sinos e as drogas, principalmente maconha e crack, eram enviadas para cidades de Melo, Rio Branco e Montevidéu. Desde maio deste ano, os agentes monitoraram 30 viagens realizadas pelos criminosos entre os dois países.
Áudios
Em um dos áudios divulgados pelo diretor de Investigação do Denarc, delegado Mario Souza, um traficante uruguaio, que mora na fronteira com o Brasil, afirma ter pistola para pagar pelo pó, se referindo a crack, que foi enviado por facção criminosa gaúcha.
ÁUDIO 1
Traficante do país vizinho fala que tem demanda no Uruguai por carro roubado no Rio Grande do Sul.
ÁUDIO 2
Integrante de facção gaúcha informa que carro clonado está sendo enviado para o Uruguai e lembra que deve receber rifle e pistola por valores entre R$ 1 mil e R$ 1,8 mil.
ÁUDIO 3
Traficante uruguaio fala que precisa de dinheiro para levar maconha e crack para a cidade uruguaia de Melo.
ÁUDIO 4
Criminoso do país vizinho, em áudio localizado em celular apreendido com suspeito preso, questiona a qualidade da droga enviada do Rio Grande do Sul para o Uruguai.
ÁUDIO 5
Por fim, integrante de facção que tem base no Vale do Sinos cobra dinheiro de traficante uruguaio.
ÁUDIO 6
Investigados
Segundo o delegado Guilherme Calderipe, responsável pela investigação, o esquema criminoso funcionava de dois em dois dias e utilizava diferentes estradas, sendo uma vez por meio de carros e a outra por coletivos para transportar drogas e armas.
As negociações, conforme o Denarc, eram feitas principalmente entre o uruguaio Juan Daniel Pereira González - que foi preso durante a investigação - e Gelson Luís Lemos, o Porcão, investigado pela polícia por ser apontado como líder da facção que tem base no Vale do Sinos.
Porcão foi detido hoje em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Ele tem antecedentes criminais desde 1993 por tráfico, associação, roubo, roubo de carga e fraude. E estava sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
Além dele, Gabriel Cardoso da Silva, apontado como um dos líderes da facção, foi detido em Pelotas, e o uruguaio Wiston Jean Barrios foi preso em Jaguarão.