O traficante Marcelo Fernando Pinheiro da Veiga, conhecido como Marcelo Piloto, foi acusado de matar uma jovem de 18 anos neste sábado (17) dentro de sua cela em Assunção, capital do Paraguai.
Piloto, apontado como um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho no Rio, teria golpeado e esfaqueado a vítima durante uma visita privada no presídio onde ele está preso desde dezembro de 2017 e aguarda extradição para o Brasil, segundo a imprensa paraguaia.
De acordo com a rádio 970 AM, o boletim policial aponta que Lidia Meza Burgos entrou na cela às 12h35min. Por volta das 13h50min, um guarda escutou Piloto gritar e, quando foi verificar, encontrou a jovem deitada no chão ensanguentada. Ela foi levada ao hospital, onde sua morte foi confirmada, e depois ao necrotério.
— Essa mulher foi ferida na cabeça, por isso o grito não foi ouvido. Depois disso, ele a esfaqueou 17 vezes com um utensílio de cozinha — disse à rádio o subcomandante da Polícia Nacional Paraguaia, Luis Canterio.
A arma foi uma faca de sobremesa. A vítima, nascida no departamento paraguaio de São Pedro, voltou da Argentina há quatro meses e há um mês cuidava de uma idosa de 90 anos. Ela morava perto do trabalho, conforme seu pai disse ao canal C9N.
Segundo o policial Canterio, era a segunda vez que Lidia visitava o traficante, a primeira havia sido em outubro. Ela seria sua parceira, embora nesta sexta (16), outra mulher, Marisa de Souza Penna, tenha solicitado permissão para se casar com Piloto — o que foi negado pela juíza Lizi Sánchez, conforme o jornal La Nación.
À tarde, o advogado do traficante, Jorge Prieto, afirmou à imprensa paraguaia que desconhecia a visita da mulher a seu cliente e não sabia o que havia acontecido. "Não faço ideia porque não a conheço. Eu nunca a vi."
Ele disse que iria conversar com seu cliente sobre o que ocorreu, e que Piloto poderia dizer a verdade ou mentir. "Estamos expostos, é o nosso trabalho, estudamos e nos preparamos para isso. Nós não defendemos inocentes ", afirmou ele segundo o La Nación.
Prieto contou ainda que esteve com o preso nesta manhã para acompanhar uma entrevista a um jornalista estrangeiro. "Nós entramos às 10h30min hoje e nos retiramos por volta das 12h05min", disse. "Ele estava muito tranquilo."
Condenado a mais de 25 anos no Brasil por um homicídio e dois roubos, Piloto tem tentado evitar sua extradição, autorizada pela Justiça do Paraguai em 30 de setembro. A sua transferência só pode ocorrer após a conclusão de processos abertos no país vizinho.
Nesta sexta, no julgamento de um deles, seu advogado apresentou um recurso para tentar adiar os trâmites. Agora, a morte da jovem pode prolongar ainda mais a decisão de entregá-lo às autoridades brasileiras.
Seu advogado disse neste sábado que seu trabalho envolve tentar mantê-lo no país com base em argumentos legais. "Qualquer outra estratégia que ele tenha é uma questão sua e ele não compartilhará comigo. Legalmente, cabe a ele ficar aqui, para mim há argumentos legais."
Quem é Piloto
Marcelo Piloto é apontado como chefe do tráfico de drogas do Complexo de Manguinhos, na zona norte carioca, e foi preso no dia 13 de dezembro de 2017 em uma megaoperação na cidade de Encarnación, a cerca de 360 quilômetros de Assunção.
Segundo informações do disque-denúncia, ele também foi chefe do tráfico de drogas das favelas Mandela 1, 2 e 3, igualmente na zona norte do Rio, onde ainda exerce influência. Depois, virou "matuto", como é chamado o responsável por abastecer as facções com armas e drogas. O criminoso estava escondido há anos no país vizinho, e a captura ocorreu com a colaboração da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad), da DEA (Agência Antidrogas Americana) e da Polícia Nacional do Paraguai.
Piloto possui uma extensa ficha criminal, que inclui acusações de homicídio, tráfico e associação para o tráfico de drogas, latrocínio e roubos. Ele é acusado de fazer parte do grupo criminoso que protagonizou o resgate de Diogo de Souza Feitoza, o DG, em 2012. Na ocasião, um bando de 10 homens fortemente armados invadiu a 25ª Delegacia de Polícia, no Engenho Novo, na zona norte do Rio, para retirar o suspeito do local.
Além de chefiar as bocas de fumo na região de Manguinhos, Piloto também já foi investigado por envolvimento em um esquema de compra ilegal de unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida.