Apenas uma pessoa segue presa após a deflagração da Operação Caementa, que investiga um esquema criminoso que envolveria lavagem de dinheiro, fraudes e corrupção. O esquema teria movimentado R$ 189 milhões e tem como pivô uma empresa de Santa Maria, em recuperação judicial desde 2016.
Na última quarta-feira (7), oito pessoas foram presas — sete temporárias e uma preventiva —, todas seriam ligadas à empresa Supertex, que foi alvo da operação capitaneada pela Polícia Federal e pela Receita Federal. Porém, a Justiça Federal revogou, ainda no fim da semana passada, as prisões temporárias — uma vez que a PF não solicitou renovação do encarceramento do grupo.
Com isso, sete pessoas que estavam detidas — quatro homens e três mulheres — deixaram a Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm), no distrito de Santo Antão, e o Presídio Regional de Santa Maria. A saída dos presos se deu entre a sexta-feira (9) e o sábado (10).
Conforme o advogado Jader Marques, que faz a defesa de cinco dos sete soltos, já foi solicitado o acesso ao inquérito policial para ter conhecimento da denúncia na íntegra. Após ter acesso e conhecimento do teor do material, será possível, afirma Marques, "saber a consistência das imputações" que recaem contra os clientes dele.
O empresário Elizandro Basso, que é sócio e diretor da Supertex, é o único que continua preso. Ele teve, na semana passada, a prisão preventiva decretada e, conforme os investigadores, seria o operador do esquema criminoso. Ainda que o nome da empresa não tenha sido revelado pela Polícia Federal, GaúchaZH conversou com o advogado Rogerio Cezar Peres — que, ao lado de Marcelo Caetano Guazzelli Peruchin, cuida da defesa de Elizandro Basso. Peres afirma que é do interesse do cliente e da empresa que todos os fatos sejam esclarecidos.
Na semana passada, a empresa divulgou uma nota sobre a Operação Camenta — que em latim significa "pedras pequenas". No texto, a empresa afirma ter como objetivo "colaborar com o completo esclarecimento dos fatos" (leia a íntegra no final da reportagem). Os investigados poderão responder pelos crimes de peculato, associação criminosa, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e crime contra a ordem tributária.
Ainda foram bloqueados bens — veículos, dinheiros e imóveis — que somam a cifra de R$ 81 milhões. Entre o patrimônio bloqueado, estão 170 caminhões (semirreboques, carretas), 21 máquinas e equipamentos — como tratores – e 15 automóveis.
Contraponto
Leia a íntegra da nota da Supertex:
"A administração da Supertex Concreto LTDA. esclarece que é de seu interesse máximo que os fatos relacionados às investigações das autoridades sejam esclarecidos em toda a sua profundidade e extensão, uma vez que a empresa tem como princípio nenhuma tolerância com qualquer espécie de conduta indevida.
Registra ainda que todas as dívidas, sobretudo as fiscais e trabalhistas, estão devidamente reconhecidas no procedimento de recuperação judicial pelo qual passa a Supertex. Medida devidamente concedida pelo Poder Judiciário e supervisionada principalmente pelo Ministério Público e credores em geral.
A Supertex está em diálogo amplo e transparente com as autoridades encarregadas das investigações, com o objetivo de colaborar com o completo esclarecimento dos fatos. Em paralelo, prosseguirá com as avaliações internas para elucidar todas as eventuais condutas inadequadas que possam ser levantadas.
A empresa entende que este processo de cooperação constante com as autoridades fortalece e consolida as mudanças e aprimoramentos que a empresa implementou em seus processos e regramentos internos, com o objetivo de garantir os mais elevados padrões de segurança, integridade e qualidade.
Santa Maria, 08 de novembro de 2018
Assessoria Jurídica da Supertex Concreto Ltda."