O assalto a um depósito da Multisom, no bairro Floresta, em Porto Alegre, na noite desta sexta-feira (23), provocou prejuízo estimado pela empresa em cerca de R$ 5 milhões. Segundo o delegado Alexandre Fleck, titular da Delegacia de Repressão ao Furto e Roubo de Cargas, os criminosos levaram 1.944 telefones celulares, em uma ação envolvendo de 12 a 13 assaltantes e seis veículos, incluindo dois caminhões. Ninguém ficou ferido.
O caso teve início em um condomínio localizado no bairro Humaitá. Pouco antes das 22h30min, o filho de um funcionário que trabalha há 30 anos na Multisom – os nomes foram mantidos em sigilo pela Polícia Civil, para preservar as vítimas – foi abordado por parte do bando ao chegar ao local e abrir o portão eletrônico.
— Ele percebeu que estava sendo seguido por um veículo. Quando entrou, havia mais dois esperando. De seis a sete assaltantes armados fizeram a abordagem. Inicialmente, o rapaz achou que era um assalto e quis entregar a chave do carro — relatou o delegado, em coletiva de imprensa na tarde de sábado (24).
Fleck não soube informar como os ladrões conseguiram entrar no condomínio, onde existem vários prédios e centenas de moradores.
Naquele momento, o pai do jovem percebeu a confusão, deixou o apartamento da família para ver o que estava acontecendo (chegou a pensar que se tratava de uma briga) e foi rendido, junto do rapaz e de outros dois vizinhos, que passavam pelo local. Na sequência, os quatro foram levados até o depósito, onde chegaram às 22h35min. O restante da quadrilha já os aguardava, com toucas, luvas e mais armas. Haveria duas de cano longo, de acordo com o relato das testemunhas.
Peça-chave no ataque, o funcionário foi obrigado, então, a abrir o depósito e a indicar onde ficavam guardados os celulares. Conforme Fleck, os criminosos disseram que só levariam "caixas fechadas" e não tocaram no restante das mercadorias – havia uma série de produtos no galpão, como TVs e aparelhos de som.
Durante todo o tempo, os ladrões disseram que não queriam machucar ninguém, mas fizeram ameaças psicológicas e afirmaram estar monitorando a vítima há pelo menos seis meses.
– No depósito, a ação durou em torno de 15 minutos. Eles sabiam o que estavam fazendo e tudo leva a crer que tinham informações privilegiadas – destacou o delegado.
Os aparelhos telefônicos foram carregados para dentro um dos caminhões do grupo — um Hyundai HR. O outro caminhão não chegou a ser usado. Em seguida, os bandidos fugiram, deixando os reféns para trás.
Até o fim da tarde deste sábado (24), nenhum suspeito havia sido preso. Fleck informou que imagens de câmeras de monitoramento estão sendo analisadas e evitou adiantar detalhes sobre o trabalho para não prejudicar a investigação. As imagens em vídeo não foram liberadas.