A rápida transformação demográfica do país, com um perfil de habitantes com idade cada vez mais avançada, traz desafios que ainda carecem de maior atenção para enfrentá-los de forma adequada. É preciso encontrar maneiras para uma melhor inserção da mão de obra mais madura no mercado de trabalho e se preparar para os impactos desta tendência na Previdência, que tende a ser pressionada. Incrementar o aproveitamento do capital humano com idade a partir de 60 anos passa a ser uma tarefa ainda mais incontornável no Rio Grande do Sul, Estado onde o fenômeno do envelhecimento da população se dá de forma mais acelerada.
Tanto no país como no Rio Grande do Sul, cresce a quantidade de pessoas 60+ em busca de ocupação e de renda
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou na sexta-feira que a expectativa de vida no Brasil, em 2023, chegou aos 76,4 anos. Em relação a 2022, foi observado um aumento de 11,3 meses. Também foi superado o patamar anterior à pandemia. Trata-se, sem dúvida, de uma boa notícia. Mas há consequências.
Mais pessoas vivendo por mais tempo se traduz em um custo maior para o sistema de aposentadoria pública. De outro lado, o número menor de jovens ingressando no mercado, pela queda da taxa de natalidade, indica que existirão menos trabalhadores contribuindo. A conta não fecha e faz com que se comece a discutir a inevitabilidade de uma nova reforma da Previdência.
Tanto no país como no Rio Grande do Sul, cresce a quantidade de pessoas 60+ em busca de ocupação e de renda. No Brasil, eram cerca de 5 milhões de ocupados nesta faixa etária em 2012 e, neste ano, o contingente passa de 8 milhões. É o resultado de valores de aposentadorias considerados insuficientes diante de um custo de vida crescente. Mas também é o reflexo do fim do estereótipo do idoso recluso, cansado e dependente. Graças a avanços na medicina e mudanças de hábito, é comum ultrapassar os 60 anos e manter-se dinâmico e produtivo no trabalho. Ademais, lembram os especialistas em longevidade, sentir-se útil e continuar ativo é decisivo para envelhecer com qualidade de vida.
Muito dessa ocupação crescente, porém, está na informalidade, indicam os dados do IBGE. No terceiro trimestre, entre todos os trabalhadores do Estado, 32,9% estavam nesta condição. No recorte dos 60+, sobe para 54,5%. São pessoas que labutam sem carteira assinada ou por conta própria, sem CNPJ. Não contribuem para o INSS, portanto. Um ano atrás, porém, a taxa de informalidade entre mais velhos era maior, de 55,2%. Deve-se aguardar para observar se, ao longo do tempo, a formalidade continua a crescer.
Mesmo que novas tecnologias venham a substituir empregos, persistirá significativa demanda por mão de obra humana, nas mais diferentes posições. E, enquanto a oferta de jovens fica mais apertada, a de trabalhadores maduros tende a ser maior. Programas de capacitação e requalificação tornam-se mais importantes. Mas cabe sobretudo às organizações compreender as vantagens da mescla geracional e como tirar proveito da contratação de colaboradores seniores, valorizando a experiência, o conhecimento acumulado, a maturidade emocional e o comprometimento.