A polícia apura a morte de Gabriela da Rosa Silva, 18 anos, como feminicídio - quando o assassinato de uma mulher é motivado por questões de gênero. O corpo da jovem foi encontrado na manhã de quarta-feira (3) dentro de um quarto de motel na zona sul de Porto Alegre.
Conforme a delegada Tatiana Bastos, responsável pela investigação, há duas circunstâncias que fortalecem a tese de feminicídio - basicamente relacionadas à dinâmica do crime. A primeira delas é a violência sexual e física sofrida pela vitima - com lacerações e lesões pelo corpo. Tatiana observa que esses indícios eliminam a tese de uma possível ligação com o tráfico de entorpecentes - já que a mulher era usuária de drogas.
— Não é comum ter crime sexual em ocorrências ligadas ao tráfico de drogas. Neste caso, ela foi tratada de maneira vil (com desprezo) pela questão de gênero — salienta a delegada.
Além disso, a escolha do motel como local do crime reforça a hipótese de feminicídio. Segundo a delegada, o suspeito do crime pagou antecipado um pernoite, o que demonstra a vontade de permanecer mais tempo no estabelecimento e ainda revela que os dois se conheciam há mais tempo. Colegas de Gabriela relataram que os dois se conheciam há pelo menos um mês e que ele seria um cliente fixo dela.
A jovem morava com a mãe no bairro Restinga, na Zona Sul, e tinha um menino de seis meses com um ex-namorado. A família desconfiava que ela fazia programas.
— Não era uma coisa declarada, mas a família desconfiava. Não tinham muito controle sobre a vida dela — conta Tatiana.
De família humilde, a jovem tinha dois irmãos e os pais eram separados, morando no mesmo bairro. Gabriela completou 18 anos em maio e tinha antecedentes como adolescente infrator por roubo, lesões e ameaças, ainda segundo a polícia.
Polícia desconhece motivação
Agora, a polícia já obteve imagens de câmera de segurança e está analisando o material. A intenção é descobrir a placa do veículo utilizado pelo homem. Familiares, colegas de profissão e outras pessoas já foram ouvidas pelos investigadores. Entretanto, a polícia ainda desconhece o que tenha motivado o crime.
— Eles já se conheciam e tinham algum tipo de relacionamento. Alguma coisa aconteceu para ela ser agredida dentro do motel, que ainda não sabemos — reforça a delegada.