A Polícia Civil e o Instituto-Geral de Perícias (IGP) realizam a partir desta segunda-feira (8) a reconstituição da morte de Lucas Soares Silva, 21 anos, ocorrida durante abordagem da Brigada Militar (BM) no Condomínio Princesa Isabel, no bairro Azenha, em Porto Alegre, no dia 24 de março. A chamada reprodução simulada dos fatos foi solicitada pelo Departamento de Homicídios após detectar acentuadas divergências entre o relato dos moradores e dos policiais militar envolvidos na ocorrência.
Durante a reconstituição nesta segunda-feira, quatro moradoras devem contar o que viram sobre a morte do rapaz. Elas alegam que os PMs renderam o jovem e, mesmo estando com os braços acima da cabeça, abriram fogo contra ele. Depois, teria sido arrastado para o porta-malas de uma viatura.
Já na terça-feira (9), o mesmo procedimento deve ser feito com os policiais militares envolvidos no caso. A versão deles é de que reagiram após serem recebidos a tiros no condomínio. Os agentes foram chamados ao local para atender uma ocorrência de roubo a uma fruteira na Rua Jacinto Gomes, no bairro Santana. O jovem morto, segundo eles, seria um dos suspeitos do crime reconhecido por testemunhas.
O IGP pediu à Polícia Civil acesso ao pátio interno do condomínio e a três apartamentos de diferentes blocos do complexo. Além disso, o órgão também quer agentes para simularem na reconstituição o posicionamento dos envolvidos no caso e cinco armas sem munição, que seriam as dos policiais e a apreendida na ocorrência. Também deve haver um Logan - carro que teria sido usado no assalto - e uma viatura da Brigada Militar. Advogados da família de Lucas e dos policiais devem comparecer.
A reconstituição está marcada para começar no início da noite, já que no momento da morte de Silva já estava escuro. O objetivo do procedimento é tentar confirmar qual dos relatos é verdadeiro e subsidiar a Polícia Civil para entender se houve crime no ato dos policiais, ou não. Até o momento, o inquérito segue sem ser finalizado.
Inquérito da Brigada Militar inocentou PMs
O comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Mario Augusto da Silva Ferreira, afirma que uma investigação interna foi realizada e entendeu que os policiais agiram de maneira correta. O inquérito policial militar foi finalizado entendendo que os agentes agiram no estrito dever legal, em legítima defesa própria e de terceiros, já que Lucas estaria com um revólver.
Ainda segundo Ferreira, o inquérito foi encaminhado à Justiça Militar, que deve dar sequência ao processo. Por isso, os policiais seguem normalmente suas atividades no batalhão.
Após a morte de Lucas, moradores do condomínio fizeram um protesto queimando pneus e bloqueando a Avenida Bento Gonçalves. A família do jovem pediu à Secretaria da Segurança Pública (SSP) a responsabilização dos policiais.