Os mísseis encontrados em Jaraguá do Sul não oferecem risco à população, de acordo com o Exército. Segundo o tenente-coronel Reinaldo Sótão Calderaro, comandante do 62º Batalhão de Infantaria de Joinville, as três bombas localizadas pela polícia nesta segunda-feira não estão armadas e nem em condições de serem detonadas, já que dentro da cadeia de fabricação desses materiais eles estão em estágio inicial. Os mísseis são protótipos de bombas de aviação (ou granadas de aviação).
— Eles são inertes e, neste momento, são somente uma estrutura metálica e que não oferecem nenhum risco à população — ressalta o comandante.
Uma investigação foi instaurada para verificar se existe alguma irregularidade no armamento encontrado em Jaraguá do Sul.
O tenente-coronel também ressalta que, entre as funções exercidas pelo Exército Brasileiro, está a de fiscalização de produtos controlados que circulam em território nacional conforme prevê o decreto 3.665 de novembro de 2000. O documento regulamenta a fabricação, a manutenção e o manuseio, seja por pessoas físicas ou jurídicas em produtos fiscalizados pela corporação, como armas, materiais explosivos e bélicos.
Uma das unidades do Exército que controla estes produtos está em Joinville. Segundo o comandante, a Polícia Militar (PM) acionou a corporação relatando sobre uma empresa de Jaraguá do Sul que estaria com três mísseis. Na segunda-feira, equipes do Exército – em conjunto com a polícia – estiveram no local e encontraram os protótipos.
Conforme Calderaro, existem no País aproximadamente 190 empresas que fabricam materiais controlados pelo Exército, além de cerca de 1.200 pessoas que fazem esta produção. Essa "indústria de defesa", conforme ele, envolve atividades de produção de armamento e munição, blindagem de carros, comércio de armas de fogo, minas de exploração mineral e até a produção dos sistemas de airbag.
Empresas precisam de registro especial para produção
Para funcionar, as empresas precisam ter um título de registro emitido pelo Exército Brasileiro. Uma das cláusulas previstas nesse registro é o de sigilo contratual por questões de segurança, já que as informações dessa produção não podem cair nas mãos de pessoas desqualificadas ou de criminosos, por exemplo.
De acordo com o comandante, uma investigação foi instaurada para verificar se existe alguma irregularidade no armamento encontrado em Jaraguá do Sul. Porém, por envolver sigilo, não há mais detalhes que possam ser repassados sobre essa apuração.
— O sistema industrial de defesa prevê a fabricação de bombas. Então não existe nenhuma irregularidade neste sentido. Porém pode existir, ainda que o processo seja legal, algum processo na cadeia produtiva deste armamento que esteja irregular — explica o comandante.
Ainda segundo o tenente-coronel, a investigação será conduzida pela agência central do Exército de Curitiba, no Paraná, já que o processo de produção das bombas está naquele Estado — a empresa de Jaraguá seria uma terceirizada.
A reportagem entrou em contato com a empresa responsável pelas peças, que preferiu não se manifestar sobre o caso.