Duas manifestações são organizadas após a morte de Francine Rocha Ribeiro, 24 anos, no Vale do Rio Pardo. Os protestos estão previstos para domingo (19) em Santa Cruz do Sul, onde ela foi encontrada morta, e em Vera Cruz, cidade vizinha em que a vítima residia. A jovem foi encontrada morta na manhã seguinte ao desaparecimento, na área do Lago Dourado, ponto turístico usado para prática de exercícios.
O dia de protestos e homenagens se inicia com uma missa, às 8h30min, na Igreja Católica , no centro de Vera Cruz. Às 14h, ocorrerá uma manifestação, com saída do bairro Bom Jesus, em Vera Cruz, onde Francine morava com a mãe durante os dias de semana. A concentração ocorre em frente a um ginásio do bairro.
O convite é para que a comunidade vista roupas brancas, para representar um pedido de paz, ou pretas, em demonstração de luto. Os manifestantes seguirão em caminhada até o Lago Dourado, em Santa Cruz do Sul. O trajeto tem cerca de 3,5 quilômetros.
— Vamos fixar uma cruz em homenagem a ela e fazer uma caminhada — relata o noivo da jovem, Lucas Seelig de Lima, 25 anos.
A área do lago é onde Francine foi vista com vida pela última vez na tarde de domingo (12). Ela foi deixada no local pelo companheiro. Uma câmera de segurança no acesso ao local registrou o momento em que ela se alonga no deck, onde estão outras pessoas, às 14h55min. A mesma câmera mostra quando ela segue em caminhada pelo lado direito da pista.
Por volta das 17h, a mãe de Francine começou a estranhar a demora e buscas foram feitas. O corpo foi encontrado na manhã seguinte, em um matagal, a cerca de 400 metros de onde ela se exercitava. A necropsia apontou que ela foi estrangulada e espancada. A suspeita é de que Francine tenha sido vítima de crime sexual.
É em forma de alerta aos assassinatos de mulheres que outro protesto será realizado também no domingo. A concentração ocorre na Praça Getúlio Vargas, na Rua Marechal Floriano, no centro de Santa Cruz do Sul. Do local, os manifestantes sairão com faixas e cartazes em direção à Praça da Bandeira, na mesma rua. Os participantes estão convidados a também vestirem roupas pretas, para demonstrar luto por Francine e outras mulheres vítimas da violência.
O desaparecimento
Francine, que chegou a trabalhar como fotógrafa, estava empregada em uma loja de roupas e artigos para crianças em Vera Cruz há cerca de dois meses. A jovem costumava passar os fins de semana em Linha Ferraz, no Interior, onde morava com o noivo. Mas, durante a semana, permanecia na casa da mãe, Eronilda Machado, na área urbana da cidade, porque era mais fácil de ir ao trabalho.
A jovem tinha uma irmã gêmea com quem passou o domingo na casa do pai, Runer Rocha Ribeiro, em Rincão da Serra, no interior de Vera Cruz, onde realizaram um almoço de Dias dos Pais.
— Ela estava bem, foi fazer uma caminhada. E nunca mais voltou. Ela era noiva. Teria uma família. Queria viver feliz — relatou a irmã gêmea da jovem, Franciele Ribeiro.
O companheiro de Francine contou que levou a jovem até o lago e que a deixou no estacionamento. Os dois mantinham um relacionamento havia cerca de seis anos.
— Parei o carro e dei um beijo nela. Ela disse que iria sozinha para a casa da mãe depois. Fiquei vendo ela entrar e fui embora. Ela gostava de caminhar. Agora penso: por que deixei ela lá? Queria poder voltar atrás — contou Lucas.