Uma denúncia de 596 páginas do Ministério Público, com base Operação Echelon, mostra que a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) montou um setor de "recursos humanos", tem outra divisão específica para prisões femininas, criou curso que ensina a fazer bombas e ordenou quase cem assassinatos dentro e fora dos presídios em 2017 em 13 Estados. A informação foi obtida pelo jornal O Estado de S.Paulo e divulgada nesta sexta-feira (6).
De acordo com a denúncia — embasada em 12 meses de investigação, que começou a partir de fragmentos de encontrados nos esgotos do Presídio de Segurança Máxima de Presidente Venceslau (SP) —, após o líder Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, ser internado no regime disciplinar diferenciado (RDD), em dezembro de 2016, uma cúpula interina passou a mandar no dia a dia da facção, que tem cerca de 20,4 mil integrantes.
Durante as interceptações telefônicas foi possível identificar essa nova célula da organização criminosa "denominada Cadastro (cujos integrantes são chamados de cadastreiros)".
"Alguns participantes da facção telefonam aos outros e efetuam um recadastramento para atualizar informações. É cediço que, com frequência, os membros da facção modificam seu apelido identificador e função na organização (promoção, rebaixamento e exclusão da facção)", afirma o Ministério Público.
A investigação mostra ainda que, em 18 de fevereiro de 2017, a cúpula mandou mensagem para outros Estados cobrando mais esforço para a "expansão da facção em unidades femininas".
Em outro ponto, observa-se que a facção criou um setor para cometer assassinatos, a chamada Sintonia Restrita. Por meio das interceptações, descobriu-se a tática da organização. De acordo com a denúncia, quem é do Estado onde o crime vai acontecer não deve participar da ação.
A inteligência da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) também encontrou um texto de um integrante da cúpula interina, no qual o acusado cobrava dos demais Estados o envio das pessoas selecionadas para o curso de explosivos que a facção ia dar em São Paulo. A ideia era dar instrução aos integrantes da organização para a confecção de bombas que seriam usadas em futuros atentados contra prédios públicos.