Quase R$ 5 milhões em bens foram apreendidos pela Polícia Civil na Operação Pólis, que atacou no sábado (16) uma rede de estelionatários do golpe do bilhete premiado que tem como base Passo Fundo, no Norte do Estado, e que age em diversas áreas do Brasil. Após duas novas ações, a polícia contabilizou a apreensão de 85 carros, 20 motocicletas, três jet skis, dois barcos, uma lancha e um caminhão. A investigação identificou 160 golpistas, cumpriu 145 mandados de busca e apreensão e quebrou, com autorização judicial, 230 sigilos fiscais.
Na segunda-feira (18), a Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) voltou a cumprir oito mandados de busca expedidos a partir da investigação. Seis deles foram cumpridos em revendas de veículos e em despachantes da cidade, que seriam usadas para lavar dinheiro dos golpes. Foram apreendidos documentos e cinco carros dos investigados. Conforme a polícia, dezenas dos veículos estavam no local sem notas fiscais. As informações devem ser repassadas à Receita Estadual para autuações.
Na terça-feira (19), nova ação da polícia contra o mesmo grupo foi desencadeada também em Santa Catarina. Seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Balneário Camboriú, Itajaí e Itapema, em endereços de três investigados.
Segundo o delegado Diogo Ferreira, em Balneário Camboriú morava um dos investigados com maior poder aquisitivo. Com ele, foi apreendida uma caminhonete Land Rover Discovery, uma lancha avaliada em R$ 280 mil e um jet ski.
— Nós verificamos alguns locais onde ele residiu e colhemos outras informações contra ele. Esse alvo é um dos mais antigos de Passo Fundo, que começou ainda na década de 90 a aplicar golpes e acumulou patrimônio nesse tempo. Hoje o papel dele é de financiar outros golpistas e ficar com parte do lucro — disse o delegado.
Também na terça, foram cumpridos mandados em São Leopoldo, Erechim, Getúlio Vargas e Carazinho. Cerca de 40 policiais estiveram nos endereços de outros golpistas que mudaram-se nos últimos anos de Passo Fundo.
Agora resta para a polícia analisar todos os documentos e bens e relacioná-los a lavagem de dinheiro. Para isso, o delegado deve pedir prorrogação do prazo de finalização investigação.
A operação
Uma operação da Polícia Civil gaúcha atacou, na manhã do sábado (16), uma rede de pelo menos 140 pessoas envolvidas no golpe do bilhete premiado no norte do Estado. Foram cumpridos 127 mandados de busca e apreensão em Passo Fundo. Investigação da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) identificou que a cidade concentra uma grande quantidade de estelionatários que agem na região e também em outros Estados brasileiros.
Os grupos de Passo Fundo organizam e treinam o teatro usado nos golpes e depois partem para diversas cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais para procurar suas vítimas. Compram imóveis, carros, joias caras e outros itens de alto valor para ocultar a origem do dinheiro dos golpes. O delegado Diogo Ferreira conta que alguns dos investigados são pessoas de alto poder aquisitivo e conhecidas no município.
Os crimes investigados na operação são lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ainda conforme o chefe de polícia, a corporação decidiu não pedir a prisão dos criminosos porque muitos deles já foram detidos em outras oportunidades mas saem em pouco tempo, já que o estelionato não é um crime contra a vida. A estratégia, desta vez, é apreender valores e bens e colher provas robustas de investigação.
Por causa da grande concentração de criminosos em Passo Fundo, a polícia batizou o nome da operação de "Pólis", em alusão às antigas cidades gregas em que os primeiros crimes como este foram realizados.