Após a prisão de um quinto suspeito de roubo e clonagem de veículos em Novo Hamburgo, em duas ações realizadas na segunda-feira (18), a Polícia Civil descobriu um esquema de lavagem de dinheiro e de investimento financeiro envolvendo uma facção criminosa que tem base no Vale do Sinos. O grupo vende carros pela internet, deposita dinheiro em contas bancárias no Nordeste brasileiro, depois repassa os valores para casas de câmbio no Vale do Sinos, das quais compra dólares.
A Delegacia de Furto e Roubo de Veículos de São Leopoldo já prendeu 34 pessoas em quase dois meses de ação contra integrantes desta facção que atuam só no roubo e clonagem de carros. Entre os detidos, há traficantes, ladrões e um gerente de agência bancária do Vale do Sinos.
Esta parte do grupo tem ladrões que moram em Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapucaia do Sul, no entanto, eles nunca atuam nas cidades onde residem. Os roubos e furtos ocorrem nestes municípios e também em Esteio, Canoas e zona norte de Porto Alegre. Depois disso, os veículos são desmanchados e clonados para serem revendidos pela internet. O dinheiro obtido é depositado em mais de 15 contas bancárias, registradas em nome de laranjas no Nordeste do país. O objetivo é a lavagem de dinheiro, que depois é transferido para casas de câmbio no Vale do Sinos e trocado por dólares.
Segundo o delegado Rodrigo Zucco, que descobriu o esquema criminoso, esta é uma forma de investimento da facção criminosa. Quando a moeda norte-americana valoriza, os investigados retornam às casas de câmbio e trocam o dinheiro por reais. Os valores são usados geralmente para compra de armas e drogas.
— A facção é organizada e descobriu uma forma lucrativa de investimento, mas estamos combatendo isso, tanto é que já temos várias prisões — ressalta Zucco.
Zucco lembra que a organização criminosa é a mesma que ordenou a construção de um túnel para fuga em massa do Presídio Central no ano passado, que teve vários líderes transferidos para presídios federais há cerca de 10 meses e que, no início de 2018, planejou a execução de autoridades policiais e do Judiciário no Vale do Sinos.
Dos 34 presos, cinco foram nesta segunda-feira (18) em duas ações no bairro Ideal de Novo Hamburgo. Depois da prisão dos suspeitos, a investigação continua para identificar mais envolvidos nos roubos, desmanche, clonagem de veículos e, agora, também na lavagem de dinheiro. Os nomes dos investigados não foram divulgados pela polícia.