Um homem que trabalhou para um grupo paramilitar do Rio de Janeiro procurou a polícia para relatar o envolvimento do vereador Marcello Siciliano (PHS) e de Orlando Oliveira de Araújo – ex-PM preso acusado de chefiar uma milícia – nas mortes de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorridas no dia 14 de março, no Rio de Janeiro. As informações são do jornal O Globo, que teve acesso ao relato da testemunha.
O homem, que colabora com as investigações em troca de proteção, relatou que a execução foi planejada. Em três depoimentos à Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil, ele deu informações sobre datas, horários e até locais de reuniões entre o vereador e o miliciano.
Procurado pela reportagem de O Globo, o vereador disse que não conhece Orlando e que se trata de uma “notícia totalmente mentirosa”.
Depoimento
Segundo a publicação, a testemunha contou ter presenciado pelo menos quatro conversas entre o político e o ex-policial que, mesmo preso, ainda chefiaria uma milícia na zona oeste do Rio. Além disso, ele forneceu nomes de quatro homens que teriam sido escolhidos para o assassinato e que agora estão sendo investigados.
Ainda conforme O Globo, o homem afirmou que foi obrigado a trabalhar por dois anos como segurança do miliciano, após o criminoso tomar a comunidade onde ele instalava equipamentos de TV a cabo de forma irregular. Como foi ameaçado de morte, acabou coagido a trabalhar para o grupo.
De acordo com a testemunha, a desavença entre o vereador e Marielle teria sido motivada pela expansão das ações comunitárias da parlamentar na Zona Oeste e a crescente influência dela em áreas de interesse da milícia. A testemunha conta ainda que, um mês antes do atentado que vitimou Marielle e Anderson, o ex-PM, já na cadeia, teria dado a ordem para o crime da cela de Bangu 9.
O homem também relatou que a morte do PM reformado Anderson Claudio da Silva e de Carlos Alexandre Pereira Maria, assessor de Marcello Siciliano, foram queima de arquivo. Desde o início das investigações, os agentes da Divisão de Homicídios já suspeitavam do envolvimento de grupos paramilitares no assassinato de Marielle.