A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o empresário que matou dois assaltantes dentro de uma ambulância após um assalto em Pelotas, na Região Sul. O caso ocorreu após tentativa de roubo a uma distribuidora de bebidas no bairro Parque do Obelisco. Em 17 de abril, Rogério Grimm, 45 anos, matou a tiros Wagner Silva da Silva, 37 anos, e Elder Luz Machado, 23 anos. O comerciante está sendo ouvido pela polícia nesta quinta-feira (17).
Conforme o delegado Félix Rafanhim, da Delegacia de Homicídios, o empresário foi indiciado por duplo homicídio qualificado privilegiado. No entendimento do policial, o comerciante agiu sob forte emoção, o que pode atenuar sua pena, em caso de condenação.
No entanto, o delegado entendeu que não houve legítima defesa, já que o crime ocorreu após — e não durante — a tentativa de assalto. A polícia concluiu que houve a qualificadora por recurso que dificultou a defesa da vítima.
— Ele alega que matou durante violenta emoção por ter sido assaltado. Mas ele também executou duas pessoas que estavam imobilizadas em uma maca rígida e algemadas. Elas não tinham naquele momento qualquer chance de defesa — afirma o delegado.
Durante o assalto, o comerciante, que é praticante de tiro, chegou a atirar contra a dupla, que foi atingida e fugiu de moto. No trajeto, algumas quadras depois, devido aos ferimentos provocados pelos disparos, eles acabaram perdendo o controle da moto. Quando os dois estavam presos pela Brigada Militar e sendo socorridos por uma equipe do Samu, o empresário foi de carro carro até o local.
Conforme a Polícia Civil, ele aproveitou a presença de curiosos para se aproximar da ambulância e disparar contra os assaltantes. Cada um foi atingido por um tiro na cabeça. O empresário foi contido pelos policiais com um tiro na perna e levado sob custódia para atendimento médico.
A arma que o empresário utilizava, uma pistola calibre 380, foi apreendida pela polícia e encaminhada para perícia, assim como o revólver que foi localizado pela dupla. A polícia ainda guarda o resultado do exame residuográfico para saber se os dois chegaram a atirar contra o empresário durante o assalto. Ao longo do inquérito foram ouvidos, entre outras testemunhas, os policias militares que prenderam o empresário. Ele foi liberado um dia depois.
Comerciante é ouvido pela polícia
Ainda conforme o delegado, o empresário está sendo ouvido pela polícia na manhã desta quinta-feira. Rafanhim optou por concluir o inquérito antes da oitiva por entender que o relato do empresário não teria impacto no indiciamento, mas afirma que o depoimento poderá ser anexado posteriormente ao relatório. O advogado de defesa de Grimm, Roger Cavichioli, defende que o empresário só cometeu o crime porque foi ameaçado pelos bandidos.
No entendimento do advogado, houve legítima defesa. Conforme a alegação, os criminosos teriam dito que saibam detalhes da vida da mulher e de uma filha do empresário. Além disso, a defesa afirmou que os bandidos ficaram irritados com a baixa quantia financeira que havia no estabelecimento.