
A Polícia Federal (PF) vai incinerar, nos próximos dias, as seis toneladas de maconha apreendidas na BR-386, em Lajeado, no Vale do Taquari, na noite da última quinta-feira (26). A apreensão, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), é a maior da história no Rio Grande do Sul.
Conforme o delegado da PF em Santa Cruz do Sul, Mauro Lima Silveira, responsável pela investigação, a autorização da Justiça Federal para a incineração foi dada ainda na sexta-feira — uma pequena quantidade, porém, será separada para perícia. Além de motivos de segurança, a droga será destruída por questões de logística:
— Não tínhamos espaço para armazenar a droga aqui no Vale do Taquari, e toda a carga precisou ser levada para Porto Alegre, onde o espaço é maior. Há duas semanas, nós havíamos eliminado cerca de seis toneladas, o equivalente ao que estava em todo o Estado, e só essa apreensão já encheu o estoque, então precisaremos de uma ação específica. Além disso, há toda a questão de segurança, já que o esquema de vigilância do estoque foi alterado.
A droga não estava nem sequer escondida no caminhão bitrem com placas de Iraí – bastava levantar a lona para encontrá-la, diferentemente de outras apreensões, em que a droga costuma ser escondida. Oficialmente, quando foi preso em flagrante por tráfico de drogas, o motorista silenciou, mas, informalmente, disse à polícia que não tinha conhecimento de que a droga estava no veículo. A polícia descarta esta possibilidade.
— Não tem como não ter conhecimento daquela quantidade. Era um caminhão completamente lotado, pesado, e um motorista experiente. Dificilmente ele não iria perceber, porque era só levantar a lona. Além disso, o cheiro da droga era muito forte — detalha o delegado.
Os próximos passos da polícia, agora, são rastrear o caminho da droga: de onde veio o caminhão, como foi carregado e por quem foi contratado. Informalmente, o motorista contou que receberia R$ 10 mil pelo serviço, e que foi contratado por um ex-empregador para trazer o caminhão do Paraná até Novo Hamburgo, onde seria feito um conserto no veículo.
O delegado Mauro Lima Silveira diz que não tem dúvidas de que a droga veio do Paraguai e que esse, provavelmente, era o primeiro transporte, já que não é comum haver uma grande quantidade de maconha como essa armazenada no Brasil. Uma das linhas de investigação é de que a droga seria encaminhada para a Região Metropolitana. Segundo a PRF e policiais do Vale do Sinos, há grande possibilidade de que a droga fosse repartida em porções pequenas para depois abastecer municípios do Vale do Sinos e da Serra. O delegado é cauteloso:
— Essa hipótese é possível, mas precisamos ainda averiguar todos os pontos, já que abrimos o inquérito na sexta-feira. Uma quantidade dessas não iria para um lugar com baixa população, e aqui no Rio Grande do Sul parece que apenas a Região Metropolitana é capaz de absorver isso.