Durante a missa do domingo (18), o padre Mario de França Miranda, 81 anos, foi xingado por dois homens que acompanhavam a missa na Paróquia da Ressurreição, em Ipanema, na zona sul do Rio. As ofensas ocorreram após o pároco citar a morte da vereadora Marielle Franco, assassinada na noite da última quarta-feira (14).
De acordo com o jornal O Globo, durante a homilia, o padre citou a morte da parlamentar, dizendo que a morte não significa o fim de um trabalho e "que tudo que a gente faz de bom fica eternizado". Na sequência, dois homens que estavam no fundo da igreja começaram a xingar o pároco, o chamando de “padre filho da puta”.
O religioso disse que se surpreendeu com os xingamentos, mas que tentou não dar importância em respeito às 500 pessoas, que estavam na igreja.
— Na outra vida, tudo isso será recuperado. Nada vai se perder. Tudo que a gente faz de bom vai ficar eternizado e vai construir a nossa felicidade. Quando houve a reação dos dois homens tinha umas 500 pessoas na igreja e pensei: tenho de tocar a missa. Não ia ficar preso a um tumulto que lá no fundo da igreja apareceu. Duas pessoas revoltadas. Me xingaram de tudo. Depois nem quiseram me dizer os palavrões. Logo, eles foram retirados da igreja e eu consegui recolocar a missa em oração.
Conforme Miranda, a intenção era dar uma palavra de ânimo para os presentes, já que hoje "estão todos aterrorizados e inseguros" com a crescente violência no Rio. A menção a Marielle e ao motorista Anderson Gomes ocorreu no fim da pregação para, de acordo com o padre, "dizer que isso não vai passar assim, como uma página que viramos e acabou".