O Departamento de Homicídios da Polícia Civil afirma que há relação entre um assassinato de um jovem em frente a uma creche, às 22h desta quarta (28), com a chacina com quatro mortos também na Vila Farrapos, na zona norte de Porto Alegre, cerca de seis horas depois, já na madrugada desta quinta-feira (29). Os locais dos dois crimes estão distantes apenas 300 metros.
Os policiais tentam determinar, agora, se o jovem morto inicialmente, que ainda não foi identificado, é a primeira das vítimas dos mesmos algozes ou se o assassinato dele foi o que motivou a chacina.
— São duas as possibilidades: uma é a chacina ser retaliação ao fato ocorrido muito próximo dali. A outra é que todos os fatos estão vinculados e houve um atentado contra aquela zona em razão do tráfico — explica o diretor do departamento, delegado Gabriel Bicca.
Três das quatro vítimas da chacina foram identificadas pela Polícia Civil. Uma delas, Vilma Ferreira da Silva, 63 anos. A idosa era cadeirante e tinha uma das pernas amputadas. Os outros dois são Wagner Goulart Jacques, 32, e Alex Terres, 45. Eles tinham antecedentes criminais por tráfico de drogas.
A polícia tenta descobrir as circunstâncias do crime. Até agora, só foi possível identificar que todos ocorreram próximo a uma casa, onde policiais encontraram petecas de cocaína prontas para a venda. Uma pessoa estava morta dentro do imóvel, outra no pátio, uma em via pública e outra chegou a ser levada para um hospital, mas morreu.
Os investigadores ainda não trabalham com número de atiradores e nem veículos utilizados. Segundo a polícia, nenhum morador se dispôs a falar.
Primeiro assassinato no horário do futebol
Os dois crimes ocorreram a menos de um quilômetro da Arena do Grêmio. O primeiro deles, inclusive, na Rua Diógenes Arruda Câmara, foi registrado às 22h - pouco depois do início da partida entre Grêmio e Avenida. A Polícia Civil não descarta que a execução no horário do futebol seja uma estratégia dos criminosos.
— No dia do jogo é mais propício, já que forças policiais mais ostensivas estão ligadas ao evento. A área no entorno da Arena estava com mais policiais, mas, para reforçar lá, tu deixas outro local mais vulnerável — relata Bicca.
Em fevereiro, a Polícia Civil realizou uma ação nas proximidades da Arena, no dia da final da Recopa Sulamericana entre Grêmio e Independiente. Na ocasião, armas que seriam usadas para uma chacina foram apreendidas. Policiais declararam à época que "evitaram uma tragédia".