Anunciado em 2010 e com promessa de conclusão para fevereiro de 2012, o Complexo Prisional de Canoas finalmente caminha para operar em pleno funcionamento. A expectativa do secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, é de que ainda neste mês sejam abertas as celas das unidades 3 e 4. Com isso, o número de 873 apenados, que hoje ocupam as penitenciárias 1 e 2, saltará para 2.808.
— Não vamos colocar 1,9 mil pessoas em um só dia. Será uma ocupação progressiva — salienta Schirmer, sem informar dia exato para o início dos ingressos.
Como já ocorre na unidade 1, a intenção é manter nas demais apenas presos provisórios, que nunca estiveram no sistema prisional, e sem ligação com facções.
A estrutura tem mais de 30 mil metros quadrados (veja abaixo). Das quatro unidades, batizadas de Pecan, apenas duas estão hoje em funcionamento, abaixo da capacidade máxima. GaúchaZH esteve nos novos espaços na quarta-feira e acompanhou a chegada de agentes penitenciários, que se formaram um dia antes.
Mesmo com a abertura das novas celas, dois setores vão seguir fechados: a lavanderia e o pavilhão de trabalho dos presos. No primeiro caso, o diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal, Fabrício Ragagnin, explica que falta a entrega dos equipamentos.
Por isso, uma empresa terceirizada foi contratada até junho para limpar os uniformes dos detentos. Até lá, a lavagem das roupas seguirá ocorrendo em Torres, no Litoral Norte.
Os espaços destinados a atividades laborais dos detentos devem funcionar antes, em abril. Conforme o diretor da Pecan 2, Tiago Lindholz, há negociação avançada para convênios com empresa de absorventes e conversas iniciais com uma fábrica de fermentos. Como o negócio ainda não está fechado, não há definição de quantos presos poderão trabalhar.
Outro espaço que vai permitir o emprego de presos será a cozinha central, que inicialmente seria operada por empresa terceirizada. No local, poderão trabalhar 30 apenados, que serão monitorados por 10 agentes. Devem ser escolhidos os detentos mais “tranquilos”, segundo Ragagnin.
A intenção é de que o espaço comece a operar na próxima quinta-feira. Antes, os presos cozinheiros vão passar por dois dias de treinamento para manusear as panelas autoclaves.
Além de reforçar a segurança na cozinha, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) deve colocar grades em áreas consideradas pontos-cegos pela juíza Patrícia Fraga Martins, da 2ª Vara de Execuções Penais (VEC), responsável pela fiscalização do complexo. Hoje, a alimentação dos presos é preparada na cozinha da guarda, no prédio administrativo da Pecan 2, onde trabalham 12 presos – seis em cada turno.
Ainda não está definido quando as Unidades Básicas de Saúde (UBS) dentro das penitenciárias serão inauguradas. Nesta semana, ficou definido que o Hospital Vila Nova ficará responsável por esses espaços.