Os sete fuzis e os 58,2 quilos de maconha encontrados escondidos em um fundo falso de um ônibus no Paraná iriam abastecer uma quadrilha de Caxias do Sul, na Serra. O material foi localizado em uma operação conjunta da Receita Federal com o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) na cidade de Medianeira, no Paraná, próximo à tríplice fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina.
A abordagem ocorreu na BR-277, na última quinta-feira (8), mas só foi informada à imprensa nesta segunda-feira (12).
As armas foram localizadas um dia depois da abordagem, na sexta-feira (9), quando o veículo passou por um scanner da Receita Federal em Foz do Iguaçu. Os fuzis estavam próximos do motor.
Conforme o Batalhão de Fronteira, foram encontrados sete armas calibre 556, 16 carregadores para fuzil e cinco para pistola 9 mm. Uma fonte da Polícia Civil, ouvida por GaúchaZH, afirma que o armamento seria destinado para uma quadrilha com atuação no bairro Reolon, de Caxias. Cada arma está avaliada em cerca de R$ 50 mil e, juntas, teriam custado cerca de R$ 350 mil.
No ônibus, com placas de Caxias do Sul, estavam cinco pessoas — três homens e duas mulheres. Dos homens, um é morador de Passo Fundo, outro de Ijuí e o motorista de Caxias do Sul. Já as mulheres, são de Cruz Alta.
Entre os bancos do ônibus foram encontradas várias caixas vazias de cigarros contrabandeados. E no banheiro foram localizados mais pacotes e sacolas, nos quais estavam 58,2 quilos de maconha. Já no bagageiro do veículo os agentes apreenderam 77,5 mil maços de cigarros contrabandeados.
O motorista do ônibus, de 36 anos, assumiu a responsabilidade pela droga e pelos cigarros e disse que os outros passageiros não sabiam de nada. Ele foi ouvido na quinta-feira, antes das armas serem localizadas. O condutor afirmou que pagou R$ 10 mil pela droga, que seria vendida em Caxias do Sul, junto com os cigarros.
GaúchaZH tentou contato com o plantão da Polícia Federal para entender os próximos passos da investigação e a origem dos fuzis, mas não conseguiu.
Outros casos
Em setembro do ano passado, auditores da Receita Federal encontraram dois fuzis 556 e cinco fuzis 762, além de 550 projeteis e carregadores em um Space Fox em Cascavel, no oeste do Paraná. O armamento foi encontrado no fundo falso de um airbag. O armamento pesado estava sendo transportado para Lajeado, no Vale do Taquari.
Os fiscais se surpreenderam porque armamentos longos desse calibre não costumam ser apreendidas em veículos de passeio. Normalmente, os criminosos são flagrados transportando pistolas, mais fáceis de serem escondidas devido ao tamanho.
Em outubro, um verdadeiro arsenal de guerra foi encontrado na casa de um estudante de engenharia em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Foram localizados 15 fuzis, de fabricação russa, romena e americana, e 21 pistolas importadas.
A investigação da polícia apontou que o universitário, de 26 anos, recebia R$ 10 mil por mês de uma das maiores facções do tráfico de drogas do Rio Grande do Sul e o pagamento do imóvel para esconder o armamento.
Em dezembro, foram encontrados dois fuzis, ambos de calibre 5.56, uma pistola e quase mil munições em um carro que também viria para o Rio Grande do Sul. A abordagem ocorreu em Lindoeste, a cerca de 170 quilômetros da fronteira com o Paraguai. Os agentes apreenderam ainda 13 carregadores para fuzil e quatro para pistola 9 mm adaptada para disparar rajadas.
O condutor afirmou aos agentes que havia saído de Cascavel, a cerca de 60 quilômetros de onde foi preso, e que receberia R$ 4 mil para transportar a carga até Porto Alegre.