— Ta na mão já! — anuncia um detento para pelo menos outros 40 homens acotovelados em um corredor aguardando para cheirar cocaína no maior presídio do Rio Grande do Sul.
O vídeo escancara a farra das drogas no Presídio Central de Porto Alegre. Na quarta-feira (3), a Brigada Militar (BM) abriu um procedimento administrativo disciplinar (PAD) para apurar a festa dos presos de uma facção criminosa do Vale do Sinos.
No final de um galeria, em cima de uma mesa quadrada, pés de madeira, pelo menos 120 carreiras estão distribuídas em seis fileiras para o consumo dos detentos. Nas mãos dos presidiários, três aparelhos celulares são identificados, além do que filmou festança da quadrilha.
E foi um dos vídeos que acabou nas mãos do comando da BM no Presídio Central há dois dias. Durante o 1 min e 53 seg de vídeo, pelo menos 12 detentos consomem pó, incentivados por outros que estão assistindo.
A BM analisa o vídeo para verificar em qual pavilhão do presídio foi feita a gravação, a data e, principalmente, quem são os envolvidos — durante a filmagem, as risadas e o barulho são altos.
Extraoficialmente, a reportagem apurou que o vídeo seria provavelmente de outubro de 2017, e teria sido gravado na terceira galeria do Pavilhão B. Com as carreiras dispostas na estrutura de madeira, um preso anuncia que está tudo pronto.
A BM informa que, após confirmar todos os fatos e identificar os presos envolvidos, vai adotar medidas, como transferências e procedimentos administrativos para cada um dos detentos. Em certo momento da filmagem, a câmera abre e é possível contar pelo menos 40 homens enfileirados, aguardando que sua vez chegue.
— Dá mais uma para firmar — diz um homem que, junto com os demais, ovaciona um detento após ele consumir cocaína.
Em 2014, outro vídeo com farra do pó
A Brigada ressalta que segue o trabalho diário com inspeções e revistas, além de realizar grandes operações, como já ocorreram no final do ano passado. Essas ações resultaram na apreensão de cerca de mil celulares, quase 15 quilos de drogas e pelo menos 500 estoques e armas artesanais.
O Presídio Central tem atualmente 4,7 mil detentos. Em 2014, outro vídeo divulgado mostrou presos cheirando cocaína no mesmo presídio. Na ocasião, seria na primeira galeria do Pavilhão B.