O tio e um primo do corretor de imóveis Victor Batista Ferraz, 31 anos, foram ouvidos, na manhã desta quinta-feira (4), pelos policiais que investigam o assassinato de Jonathan Rafael Maria, 30 anos. O familiar deles está preso desde a noite de quarta (3) e é considerado o principal suspeito do crime.
O depoimento ocorreu na 6ª Delegacia de Homicídios. Conforme a delegada Elisa Souza, eles são considerados importantes na investigação por morarem na casa onde ocorreu o crime. No entanto, estavam no Litoral Norte durante o Ano-Novo e por isso a participação deles é descartada.
O corretor possuía o alarme e as chaves da casa do tio para cuidar do local durante a viagem. Conforme teste feito com luminol (substância usada para identificar vestígios de sangue) pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), foi lá que Ferraz esquartejou seu amigo. Várias manchas de sangue foram detectadas nas paredes, que teriam sido lavadas pelo suspeito.
O próprio tio comunicou à polícia o estranhamento após ter voltado da praia, no dia 1º, e ter encontrado a casa alagada, com moscas e cheiro forte. Além disso, um pedaço de um dedo humano foi localizado pela família. A arma de sua propriedade, uma espingarda calibre 12, não foi encontrada e há suspeita que ela tenha sido usada no assassinato.
A delegada tem até o dia 12 de janeiro para fechar o inquérito. Com o único acusado preso, ela agora reúne o máximo de provas para entregar o documento à Justiça.
Bombeiros descobriram corpo ao pagar incêndio às margens da BR-290
Segundo a delegada, o motivo do crime seria uma desavença por dinheiro. Jonathan e Victor depositaram uma quantia em um banco e combinaram que só a retirariam depois de um ano para investir em terrenos. Mas Victor teria sacado o total. Quando Jonathan foi pegar sua parte, o dinheiro não estava mais na conta.
Na quarta-feira (3) pela manhã, a Polícia Civil confirmou que o corpo encontrado esquartejado e carbonizado em Eldorado do Sul, no dia 1º, era de Jonathan. Conhecido por familiares como gigante, por causa dos seus 2 metros de altura e 140 quilos, o rapaz estava desaparecido desde dezembro, quando saiu para cobrar uma dívida de aproximadamente R$ 60 mil de Victor.
Bombeiros descobriram o corpo ao serem chamados para apagar fogo em lixo às margens da BR-290. Após o fim do incêndio, perceberam um cheiro estranho e abriram um saco, encontrando restos humanos e armas brancas.
A desconfiança sobre o amigo começou pela mulher de Jonathan, Priscila Silva de Souza, 32 anos. Antes de ser morta, na tarde de 29 de dezembro, a vítima mandou para a companheira a localização, na Rua General Rondon, bairro Tristeza, por meio de um aplicativo de mensagens. O promotor de vendas se dizia desconfiado com a residência, que pertence a um tio de Victor que havia viajado ao Litoral Norte durante as festas de fim de ano. Depois, ainda dentro da casa, pouco antes das 15h, mandou foto da sala dizendo que já estava reunido com o amigo. Priscila tentou, 10 minutos depois, contato com Jonathan, que já não respondeu em nenhum de seus dois celulares.
Preocupada, naquela noite, Priscila registrou o desaparecimento do companheiro na Polícia Civil. Por conta própria, ainda procurou Victor, que afirmou ter pago o dinheiro ao amigo, que teria deixado a casa acompanhado de uma mulher. O suspeito teria convidado Priscila para entrar, mas ela, com medo, preferiu ficar do lado de fora.
A investigação também ouviu dois homens que estavam com tratores na BR-290 e viram o suspeito deixando os sacos nas margens da rodovia. Um deles teve contato com Ferraz, que teria pedido ajuda para desatolar um carro usado no crime.
Os agentes encontraram o carro da vítima, que também estava desaparecido e era um elemento que confundia os policiais. A caminhonete Tucson havia sido deixada por Victor em uma oficina mecânica da Rua Coronel Massot, no bairro Cristal, na zona sul de Porto Alegre. O corretor comentou para os funcionários do estabelecimento que o alarme estava com problema e que pegaria o veículo em seguida, mas não retornou.