A Polícia Civil confirmou, na manhã desta quarta-feira (3), que o corpo localizado esquartejado e carbonizado em Eldorado do Sul, no dia 1º, é de Jonathan Rafael Maria, 31 anos. O homem, conhecido por familiares como Gigante, por causa dos seus dois metros e 140 quilos, estava desaparecido desde dezembro de 2017, quando saiu para cobrar uma dívida de aproximadamente R$ 60 mil de um amigo.
A confirmação de que o cadáver era de Jonathan veio através do reconhecimento da família. Apesar de ter tido o corpo carbonizado, uma tatuagem com o nome da mãe dele permaneceu intacta no tronco. A mulher dele, ao ler a tatuagem com o nome "Sandra", não teve dúvidas de que o marido era a vítima do assassinato.
Bombeiros descobriram o corpo ao serem chamados para apagar fogo em lixo às margens da BR-290. Após jogarem água nas chamas, perceberam o cheiro estranho e abriram um saco, encontrando restos humanos e armas brancas. A Polícia Civil de Eldorado do Sul foi ativada e começou a apuração, mas não sabia quem era a vítima. Por isso, procurou o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de Porto Alegre, que já sabia do desaparecimento.
A delegada Elisa Souza e a equipe da 6ª Delegacia de Homicídios passaram a terça-feira (2) inteira no caso. Eles conseguiram confirmar uma suspeita da família de Jonathan: o amigo íntimo que devia para Jonathan, o corretor de imóveis Victor Batista Ferraz, é quem cometeu o crime, por motivação financeira.
— Esse homem e o Jonathan colocaram dinheiro no banco, e combinaram de que só retirariam depois de um ano para fazer investimentos em terrenos. Mas o Victor foi antes e pegou dinheiro. Quando Jonathan foi pegar a parte dele, o dinheiro não estava mais lá e o amigo não tinha comentado nada. Então Jonathan foi atrás dele — explica a delegada Elisa.
Descoberta da polícia
A desconfiança sobre o amigo começou pela esposa de Jonathan. Antes de ser morto, na tarde de 29 de dezembro, ele mandou para a companheira a localização de onde estava, na Rua General Rondon, bairro Tristeza, por um aplicativo de mensagens. Ele se dizia "espiado" com a residência, que pertence a um tio de Victor que havia viajado para o Litoral Norte durante as festas de fim de ano. Depois, ainda dentro da casa, pouco antes das 15h, mandou uma foto da sala dizendo que já estava reunido com o amigo. A esposa tentou, 10 minutos depois, contato com Jonathan, que já não respondeu em nenhum de seus dois celulares.
Preocupada, ainda na noite daquele dia, a esposa registrou o desaparecimento dele na Polícia Civil. Por conta própria, ela ainda procurou Victor, que afirmou ter pago o dinheiro ao amigo, que teria deixado a residência acompanhado de uma mulher. O suspeito ainda teria convidado a esposa do amigo para entrar, mas ela, com medo, preferiu ficar do lado de fora da residência.
Após isso, no dia 1º, o tio do suspeito retornou da praia e encontrou a casa alagada, com manchas de sangue, cheiro forte e um pedaço de dedo humano. A situação foi reportada aos policiais. A Polícia Civil também ouviu dois homens que estavam com tratores na BR-290 e viram o suspeito deixando os sacos nas margens da rodovia. Um deles ainda teve contato com o foragido, que teria pedido ajuda para desatolar um Up usado no crime.
Os agentes encontraram o carro da vítima, que também estava desaparecido e era um elemento que confundia os policiais. A Hyundai Tucson havia sido deixada por Victor em uma oficina mecânica da Rua Coronel Massot. O corretor comentou para os funcionários do estabelecimento que o alarme estava com problema e que pegaria o veículo em seguida, mas nunca mais retornou.
Com todas as provas reunidas, a 6ª Delegacia de Homicídios teve deferido pela Justiça um pedido de prisão do corretor de imóveis. Na manhã desta terça-feira, agentes o procuraram, mas não o localizaram. Por isso, agora, ele é considerado foragido.