O principal suspeito de esquartejar e queimar o corpo de Jonathan Rafael Maria, 31 anos, em Porto Alegre se apresentou à Polícia Civil no início da noite desta quarta-feira. O corretor de imóveis Victor Batista Ferraz, 31 anos, chegou acompanhado do seu advogado ao Palácio da Polícia. Contra ele, havia um mandado de prisão preventiva pela morte do promotor de vendas. Chorando muito, ele preferiu não prestar depoimento à delegada Elisa Souza, titular da 6ª Delegacia de Homicídios, e seria encaminhado ao Presídio Central.
Segundo a policial, o motivo do crime seria uma desavença por dinheiro. Jonathan e Victor depositaram uma quantia em um banco e combinaram que só a retirariam depois de um ano para investir em terrenos. Mas Victor teria sacado o total. Quando Jonathan foi pegar sua parte, o dinheiro não estava mais na conta. A delegada tem 10 dias para concluir o inquérito e enviá-lo para a Justiça. O advogado de Victor, Jader Marques, conversou com GaúchaZH ainda no Palácio da Polícia. Disse que teve acesso ao inquérito e que agora vai estudar o caso para decidir sobre as medidas cabíveis.
Nesta quarta-feira pela manhã, a Polícia Civil confirmou que o corpo encontrado esquartejado e carbonizado em Eldorado do Sul, no dia 1º, era de Jonathan. Conhecido por familiares como gigante, por causa dos seus 2 metros de altura e 140 quilos, o rapaz estava desaparecido desde dezembro, quando saiu para cobrar uma dívida de aproximadamente R$ 60 mil de Victor.
Bombeiros descobriram o corpo ao serem chamados para apagar fogo em lixo às margens da BR-290. Após o fim do incêndio, perceberam um cheiro estranho e abriram um saco, encontrando restos humanos e armas brancas.
A desconfiança sobre o amigo começou pela mulher de Jonathan, Priscila Silva de Souza, 32 anos. Antes de ser morta, na tarde de 29 de dezembro, a vítima mandou para a companheira a localização, na Rua General Rondon, bairro Tristeza, por meio de um aplicativo de mensagens. O promotor de vendas se dizia desconfiado com a residência, que pertence a um tio de Victor que havia viajado ao Litoral Norte durante as festas de fim de ano. Depois, ainda dentro da casa, pouco antes das 15h, mandou foto da sala dizendo que já estava reunido com o amigo. Priscila tentou, 10 minutos depois, contato com Jonathan, que já não respondeu em nenhum de seus dois celulares.
Preocupada, naquela noite, registrou o desaparecimento do companheiro na Polícia Civil. Por conta própria, ainda procurou Victor, que afirmou ter pago o dinheiro ao amigo, que teria deixado a casa acompanhado de uma mulher. O suspeito teria convidado Priscila para entrar, mas ela, com medo, preferiu ficar do lado de fora da residência.
No dia 1º, o tio do suspeito retornou da praia e encontrou a casa alagada, com manchas de sangue, cheiro forte e um pedaço de dedo humano. A situação foi reportada aos policiais. A investigação também ouviu dois homens que estavam com tratores na BR-290 e viram o suspeito deixando os sacos nas margens da rodovia. Um deles teve contato com Ferraz, que teria pedido ajuda para desatolar um carro usado no crime.
Os agentes encontraram o carro da vítima, que também estava desaparecido e era um elemento que confundia os policiais. A SUV Tucson havia sido deixada por Victor em uma oficina mecânica da Rua Coronel Massot, no bairro Cristal, na zona sul de Porto Alegre. O corretor comentou para os funcionários do estabelecimento que o alarme estava com problema e que pegaria o veículo em seguida, mas não retornou.