A 1ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre trata como latrocínio (roubo com morte) o assassinato do jornalista Carol Majewski, 57 anos, encontrado pelo filho na noite de segunda-feira (15) no apartamento onde morava sozinho, na Rua Riachuelo, no centro de Porto Alegre. Conforme o delegado Fernando Soares, há forte suspeita de que a vítima conhecia os bandidos que o mataram com cerca de 30 facadas no pescoço.
A polícia chegou a essa hipótese após analisar o circuito interno de câmeras de segurança do condomínio. De acordo com o delegado, os dois suspeitos aparecem subindo o elevador junto com o jornalista. Nas imagens, conforme o investigador, não há sinais de que a vítima estivesse sendo coagida.
O jornalista e os dois homens entram no elevador às 22h15min do domingo (14). Às 23h11 min — 56 minutos depois —, somente a dupla desce pelo mesmo elevador, com duas mochilas. Eles usam bonés e tentam ficar com as cabeças baixas — aparentando tentativa de se esconder. A perícia preliminar feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) indica que a morte tenha ocorrido exatamente no intervalo em que as imagens flagram a dupla subindo e depois descendo.
A família reconheceu as mochilas que os suspeitos usavam ao sair como sendo do jornalista. Foram roubados notebooks, pequena quantia em dinheiro e eletrodomésticos. O jornalista possuía joias, que não foram levadas, pois estavam escondidas.
Investigadores afirmam que o apartamento estava bagunçado e com muitas marcas de sangue. Um travesseiro foi encontrado também com sangue e há a suspeita de que tenha sido usado para asfixiar a vítima e abafar tentativa de pedido por socorro. Havia ainda sinais de uma luta corporal.
O delegado, que assumiu nesta terça a investigação, afirma que os criminosos foram para a casa da vítima com "a intenção do roubo". Ele explica os próximos passos da investigação.
— Estamos aguardando perícia papiloscópica (de digitais), outras filmagens e, após analisá-las, divulgar. Também vamos ouvir o filho, vizinhos e ver outras filmagens antigas, para saber se a dupla já havia ido ao apartamento outra vez — relata Soares.
O jornalista trabalhou até 2011 como assessor de imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio Grande do Sul.
Caso semelhante com outro jornalista
Em abril de 2017, um caso semelhante envolvendo um jornalista gerou grande repercussão em Porto Alegre. Tagliene Padilha da Cruz foi morto aos 33 anos dentro de seu apartamento na Avenida João Pessoa. Na época, a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios, concluiu que ele foi assassinado por um homem convidado por ele a entrar na sua casa.
O único suspeito do crime está preso. Ele foi encontrado em Carlos Barbosa, na Serra, usando o tênis e um abrigo furtados da casa da vítima. A polícia reuniu diversas provas contra ele. Entre elas, uma bituca de cigarro e uma taça de vinho encontradas no local do crime, que tinham marcas de digitais do criminoso.