Uma bituca de cigarro e uma taça de vinho ajudaram a polícia a confirmar que o suspeito preso pelo assassinato do jornalista Tagliene Padilha, em abril deste ano, esteve no apartamento da vítima no dia do crime. A análise de DNA feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) nos objetos encontrou o mesmo perfil genético do suspeito. Os itens foram apreendidos pela perícia na residência da vítima, que foi encontrada revirada quando a polícia chegou.
Por meio das imagens de câmeras de segurança, a perícia também confirmou que o jornalista e o suspeito estiveram em um posto de gasolina comprando cigarros. Um cinzeiro em forma de concha que estava na varanda do apartamento da vítima tinha cigarros das mesmas marcas adquiridas antes. Além disso, as imagens mostram nitidamente uma tatuagem no braço esquerdo do suspeito – idêntica à que o homem preso possui.
– Normalmente, a pessoa usa cigarro de uma marca só, e isso chamou a atenção do nosso perito. Em ambientes confinados, como esse, conseguimos coletar um número grande de provas – afirma o diretor-geral do IGP, perito Cléber Muller.
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Com o conjunto de provas, a delegada Roberta Bertoldo pedirá a prisão preventiva do suspeito e deve concluir o inquérito ainda nesta semana. O homem de 25 anos, que não teve o nome revelado, foi encontrado no dia 12 em Carlos Barbosa, na Serra, onde estava escondido. Desde então, ele está detido de forma temporária
– Ele (suspeito) segue negando, sustentando a tese de que está sendo confundido com outra pessoa. Agora, temos um maior número de provas para o caso de um debate judicial – afirma a delegada.
O suspeito, que tem antecedente criminal por furto, alegou ser dependente químico. Quando foi preso, estava há mais de uma semana internado e calçava os tênis de Padilha
Motivo ainda misterioso
O motivo do crime ainda é misterioso. A polícia apura hipótese de um crime passional, mas não há nenhum elemento que comprove isso, conforme a investigação. O preso alega que conhecia apenas de vista o jornalista.
Chama a atenção da delegada que itens tenham sido levados da casa do jornalista, como roupas e um computador. Mesmo assim, a polícia diz que não foi um latrocínio (roubo com morte), já que o assassino pode ter apenas se aproveitado da situação para levar os itens.
A perícia detectou, ainda, que a vítima estava sob efeito de álcool, o que pode ter dificultado a defesa contra os golpes do seu assassino. Uma análise preliminar indica que o jornalista foi atingido por um golpe na parte superior da cabeça e que ainda foi esganado.
O crime
O crime ocorreu na noite de 24 de abril, um domingo, mas só foi constatado no dia seguinte. Amigas da vítima desconfiaram que o jornalista não foi trabalhar e não respondia a mensagens no telefone. Elas foram até o apartamento, na Avenida João Pessoa, e abriram a porta com uma chave reserva. Foi naquele momento que encontraram Padilha já morto, sobre a cama, enrolado em um cobertor.