Farra do pó
Para compreender a dinâmica do crime no Rio Grande do Sul é necessário olhar o que acontece no Presídio Central. Sem controle, o Central deixou de ser uma cadeia. Tornou-se uma espécie de coworking do crime, com facções espalhadas por nove pavilhões e 25 galerias.
Em outubro, uma delas, a que domina a terceira galeria do Pavilhão B, resolveu dar uma festa de arromba. Espalhou mais de uma centena de carreiras de cocaína e uma mesa ofereceu para integrantes da organização cheirar. O vídeo da festança, feito pelos próprios apenados e publicado nesta sexta-feira (5) com exclusividade em GaúchaZH pelo repórter Cid Martins, impressiona. É muita droga!
O flagrante enseja algumas perguntas. A primeira e mais óbvia: como tanta cocaína ingressou na cadeia? Quanto custou e quem financiou a farra? Veja que é droga suficiente para uma centena de consumidores. Mais: é possível que uma festança daquela magnitude passe despercebida pelos PMs que realizam a segurança da prisão? As duas respostas possíveis para esta pergunta são desabonadoras para o Estado. Se ninguém percebeu, estamos diante de carcereiros patetas. Se viram e não fizeram nada, é mais uma prova de que, de fato, é a bandidagem que administra aquele calabouço. A Brigada Militar, que administra há 22 anos o Central, poderia responder a estas perguntas. Mas prefere o silêncio diante de um escândalo de dimensões nacionais.
Como diz um procurador de Justiça, profundo conhecedor do sistema prisional, o vídeo reforça a sensação de que o Central é a "maior boca de fumo do Estado". São os cidadãos nas ruas, vítimas da criminalidade, que pagam a conta do descontrole na prisão.
Desde que o vídeo foi publicado, às 12h03min, o assunto ficou entre os mais lidos de GaúchaZH.
Crianças esquartejadas
Continua mobilizando a atenção dos leitores de GaúchaZH as suspeitas de que duas crianças cujos corpos, esquartejados, foram encontrados em Lomba Grande, em Novo Hamburgo, tenham sido vítimas de um ritual satânico. Nesta sexta (5) foi revelado que dois homens, suspeitos de envolvimento no crime, teriam pago R$ 25 mil, à vista, pela magia realizada em templo em Gravataí.
Na quinta-feira (4), a polícia informou que as crianças, com idade entre oito e 10 anos, podem ser argentinas — entre os suspeitos, haveria um argentino. Esta hipótese ajudaria a explicar a dificuldade que as autoridades têm para identificar as vítimas. A polícia promete para segunda-feira (8), em entrevista coletiva, mais detalhes sobre o caso.