O Natal na Grande Porto Alegre foi o menos violento dos últimos sete anos. Enquanto seis pessoas foram assassinadas entre sábado e segunda-feira — o que representa duas a cada dia —, no feriado de 2016 houve 10 homicídios em 48 horas. A redução desse tipo de crime em 19 municípios, conforme levantamento da editoria de Segurança de Zero Hora e Diário Gaúcho, se dá, principalmente, pela queda na Capital.
O diretor de investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, delegado Gabriel Bicca, entende que a redução nos casos está relacionada a três fatores. Entre eles, está o aumento de policiais militares nas ruas.
— A maior presença policial inibe o crime — observa delegado.
Outro fator foi o aumento de indiciamentos e remessas de inquéritos pelas delegacias especializadas em homicídios para a Justiça.
— Nunca se trabalhou tanto, nunca se remeteu tanto inquérito. Para cada dia do ano, duas prisões, ou cumpridas ou decretadas — observa.
Para o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), delegado Fabio Motta Lopes, a queda pode estar relacionada a uma série de operações realizadas em dezembro para conter assassinatos, que prenderam suspeitos.
— No ano passado, tivemos cidades, como São Leopoldo, com número muito alto de homicídios em dezembro. A maior parte dos casos foi por disputa por tráfico de drogas — justifica Motta.
Mais espaços para presos, menos crimes
A retirada de presos da carceragem de delegacias, que foram deslocados para prisões, é outro fator que pode ter influenciado para a redução dos assassinatos, entende o delegado Motta. As celas chegaram a abrigar quase 200 presos.
— Como a gente estava com os presos nas delegacias, não tinha mais espaço para colocar novas pessoas detidas e o pessoal (policiais) puxou o freio de mão. Os mandados de prisão estavam deixando de ser cumpridos. Com a destinação de vagas para esse pessoal, que estava nas DPs, para o sistema prisional, possibilitou que passássemos a ampliar esse número de prisões e as mortes se reduzir. Em novembro, foram 265 capturados, mais do que nos meses anteriores.
O subcomandante da Brigada Militar, coronel Mario Yuko Ikeda, considera a queda como oscilação pontual nos casos.
— Ao longo do ano, tivemos número de homicídios muito semelhante ao do ano passado — entende o oficial.
Mesmo assim, o subcomandante da BM avalia o cenário como reflexo de operações com foco na prisão de foragidos e apreensão de armas.
Detalhe GZH
Para a comparação, foi considerado, além dos dias 24 e 25 de dezembro, os finais de semana que antecederam ou sucederam o Natal. Por isso, neste ano, foi levado em conta também o sábado. Em 2012, por exemplo, a data festiva caiu na terça-feira e, por isso, também foi levado em conta o final de semana.
O papel da metrópole
A Capital ajudou a derrubar a média de homicídios neste feriado. Em 2017, foram dois casos em três dias, o que representa menos de uma morte a cada 24 horas. Em 2016, foram cinco assassinatos na metrópole em 48 horas. Ainda no fim do ano passado, em novembro, as delegacias de homicídio receberam reforço de um delegado e 15 agentes da Força Nacional.
— Inicialmente, ajudaram no local do crime e, com isso, não precisávamos movimentar pessoal da investigação. Agora, mudamos: pararam de atender locais e estão só nos inquéritos antigos, de 2011 — explica o delegado Gabriel Bicca referindo-se à importância de elucidar casos antigos na Capital.
A queda ainda estaria relacionada, segundo Bicca, à transferência de 27 presos líderes de facções para três penitenciárias federais em Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Campo Grande (MS).