A Polícia Civil realizou, na manhã desta quarta-feira (25), uma operação para desarticular grupo organizado que atacava viaturas policiais, bancos, concessionárias de veículos, sedes de partidos políticos e delegacias. Ao todo, 45 agentes cumpriram 10 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Viamão e Novo Hamburgo.
A investigação é do delegado Paulo César Jardim, da 1ª Delegacia de Polícia da Capital. Ele ressalta que o trabalho começou após uma viatura da polícia ter sido incendiada no centro de Porto Alegre há cerca de dois anos.
O fato não foi divulgado pois, logo em seguida, os agentes descobriram que se tratava de uma ação organizada. Após longa investigação, Jardim apurou que 11 ataques teriam sido realizados por um grupo que se organizou para atuar em protestos de cunho político.
— São grupos do mal, agem de forma organizada para botar fogo em carros e prédios. São contra tudo, contra o sistema. Este seria o motivo deles para os ataques. E não é qualquer pessoa, tem indivíduos de outros países por aqui e outros que são alunos de mestrado e doutorado em Antropologia em Porto Alegre — afirma Jardim, que não revelou mais detalhes dos suspeitos para não prejudicar as investigações.
O primeiro ataque ocorreu em 2013, após o incêndio de três viaturas da Brigada Militar (BM) estacionadas no pátio da Secretaria da Segurança. Os suspeitos usam bombas caseiras e ainda fazem pichações nos locais atacados. Houve ataques com uso de explosivos também em viaturas da BM, no pátio da Academia de Polícia, em uma concessionária Renault, em uma agência do banco Santander, em um blindado do Exército, na igreja São Pedro, nas sedes do DEM e PSD, assim como um princípio de incêndio, neste ano, em um carro próximo ao consulado alemão. Além disso, foi registrada pichação em um monumento ao Batalhão de Suez. Todos os ataques ocorreram em Porto Alegre.
Material que seria para fabricação de coquetel molotov é apreendido
O objetivo da operação Érebo (na mitologia grega, região situada abaixo da Terra e acima do inferno) foi recolher materiais em 10 locais onde se encontram os responsáveis pelo grupo. Em um galpão utilizado pelo grupo no bairro Azenha, a polícia encontrou 10 artefatos caseiros e afirma que os mesmos seriam usados para fabricar coquetel molotov. As oito pessoas que estavam no local, incluindo de outros países, foram abordadas pela polícia, mas liberadas.
Também foram apreendidos livros, alguns em francês sobre táticas de guerrilha contra repressão política, cartilhas e faixas com dizeres: "nenhum minuto de silêncio" e "toda uma vida de combate". Além disso, foram localizados adesivos com desenho de viatura policial incendiada e máscaras semelhantes as que foram usadas pelos black blocs nos protestos de 2013 em todo o país. A meta agora é encaminhar todo esse material para análise da perícia.
Ao todo, 32 pessoas foram identificadas e investigadas, mas pelo menos 12 devem ser responsabilizadas ao final do inquérito. O prazo é de 30 dias. Até lá, além do resultado da apuração, Jardim deve divulgar informações sobre possíveis vínculos desse grupo e motivos para os ataques realizados. Ele não descarta pedir novamente a prisão dos envolvidos nas ações criminosas. Para a operação desencadeada nesta quarta-feira, a Justiça indeferiu os pedidos de prisão.
Os crimes investigados são de organização criminosa, formação de quadrilha e duas tentativas de homicídio (no incêndio de viatura da 1ª DP no Centro e no ataque à concessionária Renault). A polícia não divulga nome dos suspeitos porque a operação desencadeada nesta quarta-feira foi justamente para comprovar o envolvimento deles.