A Polícia Civil realiza na manhã desta quarta-feira (27) a Operação Pit Stop em busca de novas provas contra duas revendas de pneus investigadas por fraudar pelo menos quatro licitações.
As Empresas Turbo e Targa da família Chiot, do mesmo grupo familiar, são apontadas por irregularidades na venda de materiais e na prestação de serviços de manutenção em veículos para a Guarda Municipal de Porto Alegre, a prefeitura de São Leopoldo e, por duas vezes, a Brigada Militar.
Ao todo, 95 policiais cumpriram 18 mandados de busca em 17 locais em Porto Alegre, Guaíba e Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
A Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária (DEAT) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) apura se houve os crimes de fraude em licitação e de associação criminosa.
Segundo os delegados André Anicet e Max Ritter, responsáveis pela investigação, o principal objetivo da ação desta quarta é comprovar a combinação dos preços praticados nas licitações por pessoas do mesmo grupo empresarial.
— São pelo menos duas empresas e quatro licitações. Isso o que descobrimos até agora. O objetivo destas revendas é combinar preços e oferecer o valor mais baixo possível. Assim, acabam ganhando a licitação e afastando outros concorrentes — ressalta Ritter.
A reportagem entrou em contato com as empresas que foram alvo da ação. Um dos responsáveis pela empresa Targa, Eduardo Chiot disse que o estabelecimento vai trabalhar judicialmente e socialmente para comprovar que as denúncias são inverídicas. O responsável pela empresa Turbo Autopeças, Leonardo Chiot, afirmou que advogados de defesa estão tomando ciência do caso e que o estabelecimento vai emitir uma nota para esclarecer as acusações.
Fraude
A investigação iniciou após testemunhas narrarem os fatos ilícitos durante ação cível em que um dos responsáveis pelas revendas era investigado. A fraude teria ocorrido em processos licitatórios para fornecimento de pneus e para prestação de serviço de manutenção em veículos automotores.
Os investigados são sócios de diversas empresas que exercem as mesmas atividades econômicas.
Em pregões eletrônicos, por exemplo, duas ou mais empresas deste grupo familiar se habilitavam e participavam simultaneamente do certame, muitas vezes estando na mesma sala, em computadores diferentes.
No entanto, os servidores tinham login para cada uma das empresas diferentes, tumultuando os lances.
Segundo Anicet, o objetivo era sempre o mesmo: que uma das duas empresas fosse a vencedora da licitação, fraudando o caráter competitivo dos certames.
Anicet não descarta que outras empresas do mesmo grupo se tornem alvo de investigação.
Com as apreensões feitas nesta quarta, a polícia espera concluir o mais rápido possível o inquérito com o indiciamento, se assim for necessário, dos envolvidos.
O delegado Del Max Ritter informou que todo o material apreendido também será encaminhado para análise da Receita Estadual para confrontar dados. Ele também não descarta o envolvimento de agentes públicos. No entanto, essa apuração será em uma segunda fase.