Um traficante preso em penitenciária de segurança máxima, sua namorada e seu ex-guarda-costas estão por trás do conflito na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, que ganhou contornos de guerra nesta sexta-feira (22). Segundo uma das linhas de investigação da polícia, o confronto na comunidade foi ordenado por Antônio Francisco Bonfim Lopes, conhecido como Nem, de dentro de um presídio federal.
Preso desde 2011, Nem mantinha o comando do tráfico na região com o auxílio de seu braço direito, Ítalo Jesus Campos, o Perninha, encontrado morto em agosto. Conforme a Polícia Civil, a execução foi ordenada por Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, ex-guarda-costas de Nem. Ele receava que Perninha, a mando do Nem, tomasse a favela.
O conflito estaria relacionado a um racha interno entre a mulher de Nem, Danúbia Rangel, sua "herdeira", e Rogério 157. Haveria uma disputa por protagonismo entre ambos, a partir da busca de maior influência pela "primeira-dama". Especula-se que Danúbia tenha sido expulsa da Rocinha a mando de Rogério. Os dois estão foragidos.
No último domingo (17), o conflito acentuou-se depois que dezenas de traficantes de outras regiões, como São Carlos e Vila Vintém, controladas pela quadrilha conhecida como Amigos dos Amigos (ADA), invadirem a Rocinha. Os criminosos teriam agido a pedido de Nem para reaver o controle do complexo das mãos de Rogério — uma disputa interna na favela por integrantes da mesma facção.
A gota d'água para a invasão da favela pela ADA teria sido a expulsão de parentes de Nem por traficantes ligados a Rogério. Acuado, o bando de Rogério teria começado a se desmantelar. Integrantes estariam deixando a Rocinha, com medo de serem mortos ou presos, e procurando proteção em outras áreas.
De acordo com agentes da polícia, Rogério continua escondido na mata atrás do complexo. Diante da grave crise, o governo do Rio pediu o reforço das Forças Armadas. Dez blindados e 950 homens participam da ação nesta tarde.