Na próxima terça-feira, 1º de agosto, o desaparecimento da jovem Nicolle Brito Castilho da Silva, 20 anos, completará 60 dias, cercado de muitos mistérios: com quem a modelo saiu da casa do pai naquela noite? Qual foi a última pessoa com quem fez contato antes de sumir? Onde estará hoje?
Depois de tanto tempo apurando o caso, o delegado Leonel Baldasso, da 1ª Delegacia de Polícia de Cachoeirinha, considera remota a possibilidade de ainda encontrar Nicolle com vida. Entre os próximos passos da investigação, a polícia analisa contato que a jovem teve com um presidiário e a possível relação do sumiço com crimes anteriores na região.
Leia mais
De clipe funk, às pistas do Facebook, veja histórico do desaparecimento
"Ela estava à vontade", diz funkeiro
A Polícia Civil já ouviu amigos, um MC que a contratou para a gravação de um clipe, pediu a quebra de sigilo do Facebook, do telefone e agora quer saber por onde Nicolle circulou durante o mês de maio, utilizando o aplicativo de transportes Uber.
– Na lista de endereços enviados pelo Uber, sabemos que alguns lugares são prédios, ficando mais difícil de saber qual apartamento ela foi visitar, mas também já sabemos que muitos endereços eram solicitados com frequência – afirma.
O inspetor Christian Lemos afirma que não foi possível obter informações pela quebra de sigilo do WhatsApp, pois só é possível ter acesso às conversas por período determinado, quando solicitado judicialmente.
– Como não são armazenadas conversas anteriores do aplicativo e não ocorreram mais contatos após o desaparecimento, não temos nenhuma novidade sobre os diálogos – relata.
O acesso ao iCloud – sistema de armazenamento em nuvem – do celular acabou não sendo relevante para as investigações. Entretanto, a polícia vai solicitar novas quebras de sigilo para tentar descobrir se o telefone foi ligado após o dia 2 de junho, data do desaparecimento, e para saber a última vez em que houve emissão de sinal.
– Caso o telefone tenha sido usado mesmo com outro chip, é possível localizar pelo Imei, número de identificação que todos os celulares têm – conta o inspetor.
Leia mais
VÍDEO: "Não quero pensar no pior", diz pai de jovem desaparecida
Polícia encontra pistas em conversas de Nicolle nas redes sociais
Para o delegado, a investigação se torna cada vez mais complexa, já que poucas pessoas sabiam sobre a rotina de Nicolle. Porém, as 210 páginas de conversas obtidas com a quebra de sigilo do Facebook contribuíram para conhecer melhor as pessoas com as quais ela mantinha mais contato.
– Faremos algumas verificações para tentar entender o que aconteceu com a jovem antes de seu desaparecimento – detalha.
As investigações descartaram a possibilidade de a jovem estar escondida em algum local, pois ela não tinha conta bancária e, se tivesse ido trabalhar, apareceria logo. Além disso, não foi feito nenhum contato com qualquer amigo ou familiar desde junho.
– É provável, infelizmente, que ela esteja morta – lamenta o delegado.
A polícia investiga um caso de sequestro e estupro em Gravataí que, não descarta o delegado, pode ter relação com o sumiço de Nicolle. O modelo do carro usado no crime da cidade vizinha – um Peugeot 307 – assemelha-se ao que foi visto diante da casa da jovem no dia do desaparecimento. O carro foi apreendido.
– A delegada Priscila Salgado solicitou uma perícia mais detalhada no veículo, para ver se encontra algo diferente do que já sabemos – diz Baldasso.
Já a hipótese de um crime passional é considerada remota. Mais possível é uma relação com um duplo homicídio ocorrido em Gravataí no dia anterior ao desaparecimento de Nicolle.
– Já sabemos que houve um contato dela com uma pessoa que está no sistema prisional, mas precisamos investigar isso com mais cautela – detalha Baldasso.
Leia mais
VÍDEO: imagens mostram jovem entrando em carro antes de desaparecer em Cachoeirinha
Conforme o delegado, todos os corpos de mulheres que dão entrada no Departamento Médico-Legal (DML) de Porto Alegre e Região Metropolitana sem identificação ligam o alerta dos policiais.
– Como já estamos quase no segundo mês desse caso, com praticamente nenhuma pista, todas as informações que chegam podem ser alguma sinalização – revela o delegado.
Ele já recebeu diversas ligações anônimas de pessoas que dizem ter visto a jovem ou que sabem poucos detalhes de seu paradeiro:
– Já falaram que ela estaria em bares, festas, hotéis, mas até agora nada foi conclusivo. Mesmo assim, todas as ligações são recebidas, anotadas e averiguadas – declara.