Só há um muro na rua de casas simples, piso de paralelepípedos, típica do interior, no bairro Madre Tereza, em Santo Antônio da Patrulha. É a parede lateral do salão de uma igreja. Pois foi ali que a chegada das facções criminosas deixou sua marca. Em tinta azul: "14-18-12", marca dos Manos, com referência a artigos da antiga lei de drogas. Abaixo, em preto: "BNC", Bala na Cara.
Desde o começo do ano, este é um ponto sob disputa dos dois principais grupos criminosos originários da Região Metropolitana. A algumas quadras da pichação, Pedro Conceição, 19 anos, e o sobrinho João Pedro Conceição, quatro anos, foram executados em um ataque contra a casa de madeira da família em 29 de maio. Noventa e três cápsulas deflagradas foram recolhidas. O tio, de 55 anos, que estava junto, não sabe explicar exatamente o que aconteceu. Desde aquela noite, não consegue dormir. A família assistia a um filme quando criminosos invadiram a casa e abriram fogo:
– Me joguei no chão e rezei. Foi o que deu para fazer naquela hora – desabafa.
Segurança Já
Como as facções criminosas avançam pelo interior do RS
Articulados a partir dos presídios, criminosos que espalham terror pela Região Metropolitana expandem sua influência. Em busca de vantagens no mundo do crime, estão fatiando o Estado
Eduardo Torres
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