Ao monitorar a entrada de drogas no Rio Grande do Sul, o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil deparou com um esquema envolvendo roubo de cargas de carne para distribuição no Litoral Norte e Região Metropolitana.
Foram presas 10 pessoas, entre elas, um empresário apontado como chefe da quadrilha, dono de frigorífico e açougue no Litoral Norte. A polícia apreendeu 27 toneladas de carne. A carga está avaliada em torno de R$ 1 milhão.
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O trabalho começou na noite de quinta-feira, quando policiais da 1ª Delegacia de Investigação do Denarc, comandados pelo delegado Guilherme Calderipe, desconfiaram do caminhão na BR-101. O veículo passou a ser seguido. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) deu apoio ao Denarc.
Conforme Calderipe, o grupo usava uma jovem de 16 anos para distrair os caminhoneiros. Ela pediria carona na estrada. Ao reduzira velocidade do veículo, o caminhoneiro acabava abordado. A polícia apurou que o roubo da carga ocorreu em Nova Santa Rita. A carga era oriunda de Mato Grosso e tinha como destino provável a Capital, passando por Nova Santa Rita.
– Suspeita-se que era usada uma jovem, natural de Tramandaí, a qual servia de isca para o caminhoneiro, pedindo carona na estrada, momento que a quadrilha atacava o motorista. Ela ficava com ele até a completa baldeação da carga e abandono do caminhão – explicou Calderipe.
O Denarc apurou que o empresário de Tramandaí cooptou criminosos de Santa Catarina e Uruguaiana para executar a ação. Eram quatro catarinenses que ganhariam R$ 3 mil cada para ajudar a baldear a carga. Para concretizar o roubo, o empresário contava com a ação de jovens oriundos de Uruguaiana.
A carga de carne seria distribuída, segundo o Denarc, em um frigorífico no balneário Oásis e em dois açougues de Imbé e Tramandaí, além de uma pousada também em Tramandaí. A polícia acredita que parte da carga ainda abasteceria comércios na Capital.
– O esquema consistia em tentar obter somente cargas com preço elevado, colocar no frigorífico para ter aparência legal e, assim, ir para o varejo nos dois açougues do empresário. Na sequência, parte da carga poderia ser distribuída na Capital, já com aparência de legalidade. É um esquema similar ao que os traficantes usam para distribuir drogas – explicou o diretor de investigações do Denarc, delegado Mário Souza.
Parte da carga localizada estava em más condições de acondicionamento, segundo a polícia. Os suspeitos foram presos em flagrante. A polícia ainda não divulgou os nomes dos presos e dos estabelecimentos usados no esquema criminoso.